Em Adamantina, grupo defende e divulga uso de máscaras com visor entre surdos, na pandemia

03/09/2020 06h16 A partir da leitura labial, o deficiente auditivo “ouve com os olhos”.
Por Siga Mais, Adamantina - SP
Em Adamantina, grupo defende e divulga uso de máscaras com visor entre surdos, na pandemia Deficiente auditivas, Larissa Honório, Bárbara Rosseto e Maria Letícia Citeli defendem o uso de máscaras com visor, para garantir a comunicação e a proteção contra a Covid-19. (Foto: Flávia Tebaldi)

A máscara de proteção facial é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como barreira que dificulta a transmissão da Covid-19. O uso do acessório é amplamente difundido entre os países, com uso obrigatório em determinadas localidades, como ocorre no Estado de São Paulo.

Porém, a proteção contra a transmissão da doença se transformou, também, em uma barreira na comunicação entre surdos, na pandemia, já que a leitura labial fica comprometida. O prejuízo à comunicação pode ser superado com uma iniciativa simples, amplamente defendida pelas pessoas surdas.

Essa situação de dificuldade é vivida por Larissa Honório, de 26 anos, moradora em Adamantina. Ela é surda e oralizada formada em pedagogia e atualmente cursa administração de empresas e relações internacionais.

Para melhor entendimento, os surdos oralizados são surdos congênitos ou adquiridos que utilizam qualquer língua oral para se comunicar, na modalidade oral, orofacial, também denominada de leitura labial e/ou leitura e escrita.

Atualmente, Larissa tem buscado o bilinguismo em libras. Ela é aluna do curso de Libras pelo Proenac-Cenaic Adamantina, e autora do recém criado projeto em prol da deficiência auditiva denominado Avante na Inclusão, com os temas libras e surdez, com o objetivo de levar a comunidade ouvinte e surda à conscientização da deficiência, o respeito e a exclusão do preconceito para com os deficientes auditivos.

Nesse desafio, Larissa quer promover a mensagem de uma melhor acessibilidade e igualdade entre todos.

“Ouvir com os olhos”

Larissa reconhece e destaca que a sociedade tem vivido dias de intensa preocupação e restrições, face à pandemia da Covid-19. Nesse contexto, o uso da máscara de proteção facial é uma das principais recomendações da OMS para evitar a transmissão do vírus. “No entanto, a máscara convencional atrapalha a comunicação das pessoas com perda auditiva”, afirma.

Segundo a OMS – relata Larissa – cerca de 466 milhões de pessoas em todo mundo possuem algum tipo de deficiência auditiva. “Essas pessoas são as mais prejudicadas, já que não conseguem fazer a leitura labial, que auxilia no entendimento de uma frase”, alerta. “A leitura labial é uma prática muito comum entre quem possui deficiência auditiva. Nos referimos como “ouvir com os olhos”. Essa tática é muito utilizada pelas pessoas com perda auditiva, para facilitar a comunicação”, explica.

De acordo com Larissa, mesmo que os deficientes auditivos utilizem aparelho auditivo ou tenham implante coclear, e consigam ouvir sons, a leitura labial é, reconhecidamente, um reforço para estabelecer a melhor comunicação. “Quando estão em ambientes barulhentos ou quando se falam mais baixo, onde é mais difícil de compreender os sons perfeitamente, a técnica leitura labial traz maior facilidade para compreender os sons”, reforça.

Ela explica que a máscara de proteção facial convencional cobre a boca e diminui os sons da voz em até 15 decibéis, o que impede que as vozes e os movimentos das palavras, sendo formadas, sejam identificados e compreendidos. “A proposta então é disponibilizar máscaras com visor para facilitar a comunicação entre surdos e ouvintes, visto que estamos em uma sociedade aonde existe a diversidade na forma de comunicação devido às limitações de parte dela, sendo nítido que a informação falada precisa chegar a todos de forma eficaz”, defende.

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