Beneficiários do Iamspe enfrentam dificuldades para realizar exames e cirurgias na Santa Casa de Presidente Prudente

23/01/2024 08h42 Alguns contribuintes viajaram mais de 500 km para ter acesso aos serviços de saúde.
Por G1, Presidente Prudente (SP)
Beneficiários do Iamspe enfrentam dificuldades para realizar exames e cirurgias na Santa Casa de Presidente Prudente Foto: Luciano Silva/TV Fronteira

Alguns beneficiários do Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) têm enfrentado dificuldades para ter acesso aos serviços de saúde na região de Presidente Prudente (SP).

Desde setembro de 2023, a Santa Casa de Presidente Prudente está credenciada para prestar os atendimentos, mas muitos credenciados que precisam agendar consultas, exames e cirurgias tem percorrido quilômetros para ser atendido.

Este é o caso dos pais de Raqueline de Souza, que há pelo menos dois anos luta para conseguir marcar exames pelo Iamspe para os idosos, que moram em Tarabai (SP).

Os aposentados e ex-funcionários públicos já precisaram viajar para outras cidades, algumas há mais de 500 quilômetros de Presidente Prudente, para que pudessem realizar alguns procedimentos. A situação vem preocupando a família cada vez mais.

“A gente passa por muito transtorno porque às vezes você liga hoje e eles falam ‘liga no primeiro dia do mês’. A gente liga, quando a gente consegue falar, já acabou a cota do mês. Isso em cidades como Assis, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto. Em Presidente Prudente não estou conseguindo agendar nada. Hoje mesmo eu já liguei, porque minha mãe precisa fazer uma mamografia e um ultrassom da mama, mas não tem vaga em Presidente Prudente”, ressaltou a cuidadora em entrevista à TV Fronteira.

O aposentado Oliveira Pereira da Silva é o pai de Raqueline e tem 65 anos. Ele contribui com o Iamspe há mais de 30 anos e disse que se sente lesado diante da situação. Segundo ele, o problema só não é maior porque a prefeitura disponibiliza veículos para transportá-lo a outras cidades sempre que precisa se deslocar para fazer exames.

“É dificultoso porque esses exames que fui fazer em Ribeirão Preto, daqui até lá dá mais de 400 quilômetros, você tem que sair às 4h ou 5h e tem o custo. A nossa sorte e dos funcionários públicos é que o nosso prefeito cede o veículo, a gente vai e agenda 15 dias antes, ele arruma um carro da saúde, que leva e traz. É um absurdo uma cidade do porte de Presidente Prudente não ter um convênio com o Iamspe para a gente ser atendido”, lamenta Oliveira.

Já a situação da esposa, Iracema de Souza Silva, é um pouco mais preocupante, visto que ela tem três nódulos nos seios que, segundo os médicos, precisam ser examinados a cada seis meses. Porém, cumprir o prazo tem sido difícil e a solução momentânea é recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS).

“Para mim, realizar os exames dos seios para sair o problema da minha cabeça eu tive que me locomover para outro lugar, em Nova Andradina, pelo SUS, para fazer isso. Não é que a gente não queira usar o SUS, o problema é o desconto que vem no holerite todo mês, meu e dele, que tem que ser descontado. A gente não pede, não fala nada, mas esse desconto vem”, pontuou Iracema à TV Fronteira.

Sem atendimentos emergenciais

O funcionário público em Presidente Prudente, Ademir Gazola Zampieri, enfrenta o mesmo problema há pelo menos três anos. Ele diz não entender como o acesso aos serviços do plano de saúde ficou tão difícil. Além dos conflitos para a realização de exames, Ademir conta que o que mais preocupa é que o plano não disponibiliza mais atendimentos de urgência e emergência, bem como interdições em Presidente Prudente.

“As consultas têm sido feitas, exames laboratoriais, que tem sido feitos aqui. Às vezes demora um pouco, mas tem feito. O problema maior é a Santa Casa com atendimento hospitalar, nós estamos há mais de três anos sem esse convênio e a gente precisa, porque internação, cirurgia, essas coisas, não tem”, reforçou.

Além disso, Ademir conta que a retomada dos atendimentos de consultas médicas ambulatoriais aos beneficiários na Santa Casa de Presidente Prudente voltaram a ser realizados em outubro de 2023 e não trouxe mudanças significativas para os usuários.

“Tem um polo regional, tem muitos funcionários que contribuem com o Iamspe aqui e não vem atendimento. É um direito nosso, a gente está pagando, estou pagando todo mês e não é pouco”, finalizou o funcionário público.

O que diz o Iamspe

Em nota à TV Fronteira, o Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) informou que a região de Presidente Prudente conta com 75 serviços que realizam consultas e exames, como também 22 entidades credenciadas com hospitais para atendimento de emergência, internações e cirurgias, além de serviços de exames de laboratório e de imagem e o Centro de Atendimento Médico-Ambulatorial (Ceama).

“O Iamspe mantém no site a rede de serviços credenciados. Os usuários do município de Presidente Prudente também podem utilizar a rede hospitalar Iamspe nas cidades de Martinópolis, Rancharia e Presidente Venceslau”, ressaltou.

Além disso, comunicou ainda que um dos hospitais credenciados à rede do Iamspe é a Santa Casa de Presidente Prudente, que foi credenciado há poucos meses e realiza consultas ambulatoriais. Conforme anunciado pela instituição, o atendimento integral com o convênio Iamspe será realizado após o término da sua reforma estrutural.

“O Iamspe informa que vai entrar em contato com os pacientes da matéria para verificar as demandas solicitadas”, finalizou.

O que diz a Santa Casa

Em nota ao g1 e a TV Fronteira, a Santa Casa informou que o contrato atual do hospital com o Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual (Iamspe) contempla consultas laboratoriais nas mais diversas especialidades, tais como cardiologia, cirurgia geral, cirurgia vascular, gastroenterologia, oftalmologia e ortopedia.

“Desde 1º de outubro de 2023, já realizamos mais de 320 consultas, sendo a especialidade de Cirurgia Vascular a mais procurada até o momento. E não há, até o momento, demora no agendamento de consultas em nosso hospital, visto que apenas 35% das vagas disponíveis em nosso foram preenchidas no mês de dezembro”, informou.

Além disso, disse que a Santa Casa Presidente Prudente enfrenta atualmente uma fase desafiadora, especialmente em relação à disponibilidade de leitos.

“As obras em andamento, incluindo a reforma da UTI [Unidade de Terapia Intensiva] geral e dos apartamentos da 3ª clínica, contribuem para a limitação dos recursos. A ampliação dos atendimentos só seria possível após a conclusão das obras e a formalização de um novo contrato com o IAMSPE, ambos sem previsão”, comunicou.

O hospital ainda informou que os pacientes que necessitam de exames, internações ou cirurgias devem procurar o convênio para que possam ser instruídos sobre os locais de atendimento.

“A Santa Casa reitera seu compromisso com a comunidade na prestação de serviços com segurança e qualidade a todos os pacientes”, finalizou.

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