Trabalhadores rurais encontram pertences de professora morta carbonizada próximos ao local do crime, em Regente Feijó

11/04/2023 08h31 Feminicídio aconteceu no dia 28 de março, quando o corpo da vítima, de 52 anos, foi encontrado no porta-malas de um carro, no bairro São Sebastião, na zona rural do município.
Por G1, Regente Feijó (SP)
Trabalhadores rurais encontram pertences de professora morta carbonizada próximos ao local do crime, em Regente Feijó (Foto: Reprodução)

 

Trabalhadores rurais encontraram, neste domingo (9), objetos pertencentes à professora que foi localizada morta carbonizada dentro do porta-malas de um veículo, no dia 28 de março, no bairro São Sebastião, em Regente Feijó (SP).

Conforme o delegado responsável pelas investigações, Airton Roberto Guelfi, os responsáveis pela localização dos itens acionaram a polícia, que se deslocou até o local.

"Foram trabalhadores rurais que, preparando a terra com uma colheitadeira, acabaram revelando os objetos que estavam escondidos", informou ao g1 o delegado.

Ao todo, foram encontrados um notebook e o carregador, uma bolsa, um pen drive, um mouse e cadernos.

Ainda segundo o delegado, após a realização de perícia no local, os itens, que estavam posicionados de forma a ficarem escondidos na vegetação, foram apreendidos.

"Os objetos serão periciados para verificar até impressão digital e depois serão colocados à disposição do Poder Judiciário e do Ministério Público para análise, para verificar se eles vão utilizar na hora do julgamento. Por enquanto, eles não serão devolvidos para a família da vítima, porque falta justamente essa deliberação por parte do Ministério Público", argumentou ao g1 Guelfi.

Sobre a existência de outro suspeito envolvido na prática do crime, o delegado enfatizou que "pode ser que surja alguma informação nova, mas, com as informações até agora coletadas, [a Polícia Civil] não investiga [mais ninguém]”.

O crime

Conforme o delegado Airton, a Polícia Militar recebeu um chamado de um produtor rural, no início da noite do dia 28 de março, alegando que um veículo estava pegando fogo em meio à uma plantação de soja.

Os policiais foram até o local e através da placa do veículo conseguiram identificar que o proprietário era morador de Regente Feijó. A Polícia Civil foi acionada e, enquanto se deslocavam, a PM já havia feito contato com os familiares.

No local, os agentes encontraram alguns familiares e iniciaram uma conversa para tentar entender o que poderia ter acontecido.

“Durante a entrevista, o que chamou a atenção foi um possível envolvimento da proprietária do veículo com um homem de Regente Feijó. Nós identificamos, com os familiares, a residência desse cidadão e, imediatamente, a gente se deslocou até essa residência”, relatou Guelfi.

Na casa do suspeito, ele foi questionado sobre esse relacionamento com a vítima e permitiu a entrada dos policiais.

“No interior da casa, onde havia um pouco mais de luz, identificamos no braço dele algumas queimaduras que já remetiam a ideia, justamente, do incêndio do veículo, o que chamou atenção”, enfatizou o delegado.

Além disso, os policiais verificaram outras inconsistências em relação a versão dada pelo homem, como por exemplo, o fato dele ter afirmado que ficou das 9h às 15h andando de bicicleta, porém, a Polícia Civil verificou que o objeto continha teias de aranha que davam indícios que o veículo não saía do lugar há um tempo.

O suspeito foi conduzido para a Delegacia e, durante o interrogatório, o delegado apresentou todas as informações coletadas com testemunhas e perícias e o questionou sobre os fatos.

“Ele acabou confessando indiretamente que estava com ela no local. A única coisa que ele alega é que ela mesmo que buscou a morte. Ele alega que ela se matou através do fogo. A versão é basicamente essa, que ele estava no local e viu o carro pegando fogo e que, diante do pedido da vítima que queria se matar, ele se virou e foi embora”, afirmou Guelfi.

Na residência, a Polícia Civil também localizou uma medida protetiva expedida por um juiz de São Paulo (SP), que proíbe ele de manter contato com a ex-esposa.

O idoso foi preso por homicídio triplamente qualificado com o uso de fogo, impossibilidade de resistência da vítima e feminicídio, além de ocultação de cadáver. Ele passou por audiência de custódia e foi encaminhado para o Centro de Detenção Provisório (CDP) de Caiuá (SP).

A professora Eliana Pereira Neves, de 52 anos, trabalhou por 31 anos na rede de ensino municipal de Regente Feijó e estava a 21 anos lecionando na Escola Municipal de Ensino Infantil (EMEI) Augusto César Pires.

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