Operação mira suposto grupo criminoso que aplicou golpes com perfis falsos em aplicativo de mensagens; prejuízo pode passar de R$ 3 milhões

06/04/2022 04h54 Investigações começaram em Presidente Prudente com a denúncia de uma vítima que perdeu mais de R$ 34 mil. São cumpridos 41 mandados de prisões preventivas e 56 mandados de buscas domiciliares.
Por G1, Presidente Prudente (SP)
Operação mira suposto grupo criminoso que aplicou golpes com perfis falsos em aplicativo de mensagens; prejuízo pode passar de R$ 3 milhões Suposto grupo criminoso aplicou golpes com perfis falsos em aplicativo de mensagens. (Foto: Arquivo pessoal)

A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta terça-feira (5), a Operação 2 Face nos Estados de Goiás, Roraima, Pará e Minas Gerais. Conforme a corporação, as ações visam desarticular uma suposta organização criminosa que aplicou golpes por meio de perfis falsos em aplicativos de mensagens. As investigações tiveram início com a denúncia de uma vítima em Presidente Prudente (SP), que teve prejuízo de mais de R$ 34 mil. Contudo, o valor pode passar os R$ 3 milhões, com a soma de outras pessoas que foram enganadas em cerca de 600 fatos criminosos registrados.

Ainda segundo a polícia, são cumpridos 41 mandados de prisões preventivas, 56 mandados de buscas domiciliares, bloqueios e sequestros de contas cadastradas em 41 CPFs, além de uma dezena de sequestros de contas em cripto ativos.

O golpe

Em 11 de agosto do ano passado, a Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Presidente Prudente foi procurada pela vítima, que afirmou ter tido prejuízo de R$ 34.391. O inquérito policial foi instaurado e, em pouco tempo, a corporação verificou que não se tratava de caso isolado e "outras dezenas de vítimas foram sendo catalogadas como pagantes enganadas pela mesma fraude eletrônica".

"Desta maneira, considerando o relevante número de casos idênticos verificados em registros de vítimas pela cidade de Presidente Prudente e região, além, anunciados em redes sociais que se multiplicaram com o tempo da investigação e o anúncio do mesmo crime e prejuízos, tudo foi encaminhado ao Seccold (Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro) para análise precedente e emissão de relatório técnico", explicou a polícia.

Ainda de acordo com a corporação, o suposto grupo criminoso aplicava a fraude eletrônica, primeiro, obtendo fotografia em rede social e aplicativo de mensagem de vítimas para, depois, em busca e auxílio de outros criminosos digitais (com o cruzamento de informações) entrar em contato com familiares próximos (amigos, sócios, etc – todos pesquisados em redes sociais) informando a troca de prefixo telefônico (em chip cadastrado com a foto do conhecido) e, após, solicitando valores sob alegação de problema no aplicativo bancário.

Parte das vítimas fez os pagamentos e apenas depois do encontro ou contato com os verdadeiros familiares ou amigos, descobriu o crime.

Os integrantes da organização criminosa são predominantemente do Estado de Goiás, conforme informou o delegado Pablo Rodrigo França.

A operação

Foram sete meses de ações de inteligência, "em atos legítimos autorizados pela Justiça competente e pareceres favoráveis do Ministério Público paulista", com os cruzamentos de informações em fontes abertas e fechadas, em tese, houve o desvendamento dos crimes que possibilitou a realização da operação.

"Com o grupo e com o resultado das buscas realizadas nesta manhã, que se beneficiou de soma que pode superar a R$ 3 milhões nos últimos meses, a polícia busca a identificação de outros comparsas, bem como novas vítimas e patrimônio ocultado no branqueamento de capital", salientou a Polícia Civil.

Todos os suspeitos presos permanecerão nos Estados de origem e serão indiciados dez vezes, entre delitos consumados e tentados, pela prática do crime de estelionato eletrônico, falsidade ideológica, falsa identidade, integrar organização criminosa, além do ilícito de lavagem de dinheiro.

A polícia destacou que apenas no Estado de São Paulo será possível o esclarecimento de pouco mais de 600 fatos criminosos registrados, além de centenas ocorridas em outros Estados da Federação.

O nome da operação foi escolhido em tradução simples da escrita americana “two face”, usando o número não extenso, “duas faces”, em “metáfora ao ardil eletrônico usado pelos criminosos que solicitam dinheiro das vítimas passando por conhecidos, inclusive, com fotografias retiradas das redes sociais ou telefônicas”.

A operação foi deflagrada simultaneamente pela Polícia Civil de Roraima, Minas Gerais, Pará, Goiás e São Paulo, com a participação de 70 policiais civis da área do Deinter-8

Tentativa de golpe

O advogado Diego Gomes da Silva, de 28 anos, morador de Presidente Prudente, teve sua foto usada em uma tentativa de golpe.

Ele contou ao g1 que, no ano passado, criminosos usaram seu nome e sua foto e entraram em contato com as pessoas mais próximas de sua família.

"Inclusive, enviaram mensagem para minha mãe neste dia. Mas, na hora ela desconfiou, pelo fato de chamá-la de uma forma diferente da que estou acostumado. E horário no qual não costumamos nos falar", explicou.

Silva guardou imagens dessa conversa e outro registro em que é possível ver a mesma foto em um contato registrado como "Diego" e outra com um telefone não registrado na agenda de contatos, com DDD 11, código diferente ao que ele utiliza.

A conversa é iniciada com o golpista dando bom dia e afirmando que precisa de um favor. A mãe do advogado questionou a mudança de chip e o estelionatário disse que era o "número novo".

Em seguida, ele fala que precisa fazer um pagamento e que seu limite diário estava excedido. O pedido, no caso, é para a mulher fazer o pagamento por ele.

O golpista também fez várias ligações, mas desligava a chamada antes que a mãe do advogado atendesse.

Assim que soube da tentativa de golpe, o advogado avisou em todos os grupos no aplicativo de mensagens e nas redes sociais para alertar sobre a situação e evitar que alguém se tornasse vítima.

Ele também registrou um Boletim de Ocorrência.

 

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