A Justiça decretou nesta quinta-feira (20) a prisão preventiva dos quatro detentos acusados de matar os presos Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, na Penitenciária Maurício Henrique Guimarães Pereira, a P2, em Presidente Venceslau (SP).
Os suspeitos Elidan Silva Ceu, Jaime Paulino de Oliveira, Luís Fernando Baron Versalli e Ronaldo Arquimedes Marinho estavam presos em flagrante desde a última segunda-feira (17), data em que os crimes aconteceram.
Eles foram indiciados por homicídios duplamente qualificados “pelo motivo torpe e pelo emprego de recurso que dificultou a defesa dos ofendidos”.
Nefo e Rê, ambos de 48 anos, foram encontrados mortos com perfurações pelo corpo e cortes no pescoço. Um canivete e um punhal artesanal utilizados durante os crimes foram apreendidos no local pela Polícia Civil.
Os dois haviam sido presos em março de 2023, durante a Operação Sequaz, que investigou o plano elaborado pela facção criminosa contra os agentes públicos, como o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e outras autoridades de segurança pública no Brasil.
Câmeras registraram os crimes
O primeiro vídeo de uma câmera que filmava a porta do banheiro mostra a movimentação dos detentos Jaime Paulino de Oliveira, Luís Fernando Baron Versalli, Ronaldo Arquimedes Marinho e Elidan Silva Ceu, além da vítima Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê.
Todos entram no sanitário do pátio do Pavilhão I, que é usado pelos presos como uma barbearia. Depois de um tempo, Jaime, Luís, Ronaldo e Elidan deixam o ambiente, exceto Rê.
O segundo vídeo da câmera de monitoramento que filma o pátio do pavilhão onde os detentos permanecem durante o banho de sol mostra Jaime, Luís e Ronaldo perseguindo e atacando Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo.
Durante a ação, Elidan permanece próximo a uma ala conhecida como “gaiola”, que é um local por onde os presos passam antes de sair do pavilhão das celas.
De acordo com a descrição do Boletim de Ocorrência, essa posição de Elidan era para evitar que Nefo alcançasse a saída e sobrevivesse, caso conseguisse se desvencilhar dos outros três.
Short, canivete e punhal apreendidos
A Polícia Civil identificou os presos suspeitos de envolvimento nas mortes de Nefo e Re. São eles:
• Elidan Silva Ceu, vulgo Alemão e Talibam, de 45 anos;
• Jaime Paulino de Oliveira, vulgo Japonês, de 47 anos;
• Luis Fernando Baron Versalli, vulgo Teo, VV, Barão e Barom, de 53 anos; e
• Ronaldo Arquimedes Marinho, vulgo Saponga, de 53 anos.
Após o crime, o delegado de Polícia Civil responsável pelo caso, Marcelo Magalhães, e a equipe de investigação compareceram ao local dos fatos. Na Penitenciária 2, os policiais encontraram e apreenderam dois instrumentos utilizados nos crimes, sendo um canivete e um punhal, ambos de produção artesanal.
Segundo o Boletim de Ocorrência, um short roxo também foi apreendido, pois Saponga o vestia durante as execuções. Os outros itens foram entregues por Japonês aos policiais penais logo em seguida.
Homicídios duplamente qualificados
Segundo o delegado, todos os quatro suspeitos foram interrogados, mas nenhum deles confessou ou prestou informações úteis sobre os crimes. Ronaldo e Elidan negaram as acusações e Jaime e Luís ficaram em silêncio.
Ao final, o delegado determinou a prisão em flagrante dos quatro homens por homicídios duplamente qualificados “pelo motivo torpe e pelo emprego de recurso que dificultou a defesa dos ofendidos”.
Os quatro suspeitos permanecem presos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, onde todos cumpriam penas por homicídios.
O caso continuará sendo investigado pela Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Presidente Venceslau.
Nesta terça-feira (18), a Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo (SAP-SP) informou ao g1 que irá pedir à Justiça a remoção dos quatro presos ao Regime Disciplinar Diferenciado (RDD).
O RDD, que é adotado no Centro de Readaptação Penitenciária (CRP), em Presidente Bernardes (SP), é o regime de prisão mais rígido permitido pela legislação brasileira.
A mando do PCC
À reportagem do g1, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya disse acreditar que os detentos foram executados a mando da cúpula do PCC.
O integrante do Gaeco afirmou que na P2 “não acontece nenhum crime que não tenha sido determinado ou permitido pelo PCC”.
“Eu tenho dito na verdade que os indícios indicam que houve uma ordem, uma determinação da cúpula. Porque eles [Nefo e Rê] eram integrantes do PCC e eram integrantes importantes. O Reginaldo, o Rê, era um dos líderes de rua do PCC em São Paulo, e o Janeferson, o Nefo, era o responsável pelo setor que eles chamam de ‘Restrita’, que é um setor que existe para cometer atentados e resgates”, disse Lincoln Gakiya.
A ordem dos assassinatos teria chegado por meio de visitas aos detentos, visto que não havia suspeitas anteriores.