Em uma operação que levou quase quatro horas de duração, o Corpo de Bombeiros resgatou duas pessoas vítimas de um acidente de trânsito em uma trilha de jipeiros entre o Parque Ecológico da Cidade da Criança e o Rancho Quarto de Milha, em Presidente Prudente (SP).
O veículo em que as vítimas estavam caiu de uma ribanceira com aproximadamente 20 metros de altura e ficou parcialmente submerso em um córrego.
Uma das vítimas foi a delegada da Polícia Civil Adriana Pelegrini.
Difícil acesso
O Corpo de Bombeiros foi acionado na noite do sábado (25), às 21h07, para socorrer as duas vítimas, ou seja, um homem e uma mulher, que estavam no veículo que havia despencado na ribanceira.
No total, três jipes participavam da expedição pela trilha.
Segundo os bombeiros, o local era de difícil acesso e só foi encontrado por meio de gritos de socorro que partiram de testemunhas que presenciaram o acidente.
Como não havia condições que permitissem a aproximação das viaturas de resgate, as equipes socorristas tiveram de andar a pé uma distância de 1.500 metros para chegar ao local onde estavam as vítimas.
No percurso, os bombeiros tiveram de superar trechos com curvas de nível e brejos.
Na chegada da primeira equipe ao local, os bombeiros se depararam com o veículo caído de uma ribanceira, a uma altura de 20 metros, parcialmente submerso dentro de um córrego.
Uma das vítimas estava perambulando consciente e orientada. Já a segunda permanecia caída ao lado do veículo, com fortes dores, consciente e desorientada.
Diante da impossibilidade de descer o barranco, íngreme e escorregadio, os militares procuraram um melhor acesso que ficava a 300 metros por mata fechada.
Na travessia do córrego a nado, os socorristas tiveram de superar a possibilidade de animais e água insalubre, com riscos de contaminação e ferimentos.
As vítimas foram avaliadas e o homem alegou que estava bem e sem ferimentos, recusando atendimento.
Já a delegada Adriana Pelegrini estava se queixando de hipotermia e de dores nos braços, nas pernas e no pescoço.
Técnica de rapel
Com a chegada das equipes de salvamento ao local, foram usados materiais de primeiros socorros para atendimento pré-hospitalar, prancha rígida e maca cesto para a imobilização e a retirada da vítima com segurança.
Os bombeiros desceram a ribanceira por meio da técnica de rapel para montar o sistema de resgate.
Ainda foram usadas na operação viaturas de tração 4x4 do Corpo de Bombeiros equipadas com os materiais necessários para a retirada da vítima em segurança.
Os motoristas venceram vários obstáculos, passando por brejos e curvas de nível com riscos de atolar as viaturas, que ficaram estacionadas a 200 metros de distância, possibilitando o descarregamento dos materiais até o local do socorro.
Durante o atendimento, era realizado o monitoramento constante da vítima, o que foi fundamental para as tomadas de decisões.
A retirada da delegada contou com o uso de um sistema de tracionamento, com captura de progresso e escada trilho, acompanhada por dois bombeiros para total estabilização da maca, preservando assim a integridade da vítima e, com segurança, anulando a possibilidade de qualquer outro tipo de trauma.
Após a retirada da vítima do local de risco, as equipes se revezaram em caminhar com a delegada imobilizada na maca cesto até o ponto em que estavam estacionadas as demais viaturas, a uma distância de 1.500 metros, passando por diversos tipos de dificuldades e riscos no trajeto.
Chegando à viatura de resgate, a vítima foi transferida para a maca do veículo oficial e transportada até a Santa Casa de Misericórdia de Presidente Prudente, onde recebeu atendimento médico e já foi liberada.
Os trabalhos foram concluídos à 1h do domingo (26).
'Eu senti que iria morrer', diz delegada
O sucesso do salvamento foi reconhecido pela vítima e por seus familiares, que visitaram o quartel do Corpo de Bombeiros para agradecer a atuação das equipes envolvidas no resgate.
Segundo o Corpo de Bombeiros, o êxito do atendimento é “reflexo do treinamento diário realizado pela equipe, demonstrando total comprometimento e amor ao próximo, arriscando até a própria vida”.
Em depoimento para um vídeo divulgado pelo Corpo de Bombeiros, a delegada Adriana Pelegrini descreveu como foram o acidente e o resgate e ainda enalteceu o trabalho das equipes que trabalharam na operação de socorro.
“No dia 25 de janeiro eu passei, talvez, pela pior situação que eu poderia passar na minha vida e tive também o maior livramento de Deus na minha vida. Nós estávamos fazendo uma trilha com jipes e o jipe em que eu estava despencou de uma ribanceira. Na verdade, eu senti que, naquele momento, eu iria morrer. Eu não achei que fosse sobreviver. Graças aos anjos de resgate do Corpo de Bombeiros, eu estou viva", disse Adriana Pelegrini.
"O jipe que eu estava capotou nessa ribanceira, por volta de 20, 25 metros, e nós fomos parar dentro de um pântano e ficamos submersos. Eu, felizmente, consegui sair de dentro do jipe, só que ainda estava bem desorientada até a chegada dos bombeiros. Provavelmente, uma ocorrência muito difícil, um local extremamente inóspito, mas eles conseguiram chegar", salientou a delegada.
"Conseguiram me salvar e eu agradeço, tenho uma gratidão enorme a Deus pelo livramento e pelos anjos de Deus que ele mandou ali, que são os bombeiros. Se não fosse a atuação do corpo de resgate, do Corpo de Bombeiros, talvez eu não estivesse aqui para dar esse depoimento. Com muita gratidão, eu estou aqui, vim aqui, na sede do Corpo de Bombeiros, para agradecê-los pela minha vida e agradecê-los pela missão que eles têm nessa terra, que é de salvar vidas”, concluiu Adriana.