Prefeitos de mais de 2 mil cidades pedem ajuda ao governo diante do avanço dos casos de Covid-19

07/01/2022 06h39 Consórcio Conectar, que reúne Executivos municipais, encaminhou ao Ministério da Saúde ofício pedindo apoio da pasta para estruturação do atendimento ambulatorial e compra de testes rápidos e remédios antigripais
Por OGlobo , Brasil
Prefeitos de mais de 2 mil cidades pedem ajuda ao governo diante do avanço dos casos de Covid-19 .

Para enfrentar o aumento dos casos de coronavírus e influenza no país, um grupo de mais de 2 mil prefeitos enviou um ofício ao Ministério da Saúde na última quarta-feira solicitando apoio da pasta na estruturação do atendimento ambulatorial, compra de testes rápidos de Covid-19 e de remédios antigripais, atualmente em falta em várias cidades do país.

O documento, obtido com exclusividade pelo GLOBO, foi encaminhado pelo Conectar, consórcio criado na pandemia para a compra de vacinas e que hoje atua em outras frentes da saúde pública. As mais de 2 mil cidades que fazem parte do grupo respondem por uma população de cerca de 150 milhões de pessoas, equivalente a 65% do territorio nacional.

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— A situação é alarmante. Precisamos de mais testes, mais estrutura e medicação — afirmou o presidente do Conectar e prefeito de Florianópolis (SC), Gean Loureiro, ao GLOBO. — Estamos assistindo a um crescimento vertiginoso do número de casos de Covid e influenza. Pedimos ao Ministério medidas emergenciais e apoio aos municípios. O governo federal não pode se omitir se os municípios não têm estrutura para atender a uma demanda inesperada.

Peso nos cofres municipais

No texto encaminhado ao secretário-executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, o grupo ressalta que o aumento de novos casos de Covid-19 em conjunto com os de Influenza tem onerado sobremaneira os serviços de atendimento ambulatorial. “As unidades de atendimento à população, por mais que tenham tido a expansão necessária, estão sendo demandadas para além de sua capacidade de atendimento.”

Na cidade de Canoas (RS), cerca de 40% dos testes de Covid-19 realizados este ano deram positivo, segundo o prefeito Jairo Jorge (PSD). Apenas nos últimos dois dias, a cidade testou mil pessoas, muito além da média 170 diagnósticos por dia registrada em semanas anteriores. Diferente da última onda da doença, em que casos graves demandaram profissionais na UTI e mais leitos de enfermaria, o atual cenário requer reforço na atenção primária, ou seja, nas unidades básicas de saúde, diz Jorge.

— Precisamos de recursos. Vamos ter que ampliar unidades básicas, contratar médicos, enfermeiros, pagar horas extras. Em 2020, tivemos recursos importantes do Ministério da Saúde, mas no ano passado as cidades se viraram com recursos próprios. Precisamos de apoio, senão teremos um desequilíbrio —afirmou o prefeito, que ainda tem o estoque de 100 mil testes. — Em determinado momento não teremos mais capacidade de comprar testes ou pagar por essas demandas.

A situação não se restringe a Canoas. Segundo Loureiro, apesar de os atendimentos ambulatoriais não resultarem em internações e ocupações de leitos, a espera para realização de exames e prescrição de receita de medicamentos antigripais tem sido para além do esperado. Por isso, seria importante contar com o apoio do Ministério para uma ampliação temporária nos atendimentos, seja na forma de profissionais ou de estruturas físicas para aumentar a capacidade e a capilaridade da prestação do serviço.

O Consórcio, que foi formalizado no ano passado como uma autarquia pública, também pede pela ampliação da testagem para identificar aqueles que precisam de isolamento e assim conseguir frear a transmissão da doença, em especial sob a nova cepa Ômicron.

“Pedimos o reforço do envio de teste de antígeno, bem como o apoio a estruturas fixas e móveis de testagem, seja na forma de equipamentos ou financiamento para garantir a contratação das estruturas e das equipes temporárias para apoio da testagem”, afirmam os prefeitos no documento encaminhado ao governo Jair Bolsonaro.

O Consórcio também ressalta que a intensa demanda no atendimento ambulatorial gerou um esgotamento dos estoques do Oseltamivir, medicamento usado para tratar casos graves de influenza. Em alguns locais, já há um apagão destes remédios.

“Este medicamento está em falta em diversos pontos da cidade, seja na assistência farmacêutica pública ou até mesmo nas redes privadas. Desta forma, seria de grande valia o envio de estoques adicionais do referido medicamento ou de recursos especiais para que as cidades possam fazer a aquisição.”

Loureiro afirmou que espera uma resposta rápida da pasta, no máximo até a próxima semana:

— Estamos dando o diagnóstico. Agora é só agir nessa distribuição e apoio.

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