Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, presta depoimento nesta segunda-feira (15) na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS, que investiga descontos ilegais em aposentadorias e pensões. Ele é apontado pela Polícia Federal como um dos articuladores de um esquema que desviou bilhões de reais do Instituto Nacional de Seguridade Social.
Antunes havia sido preso na sexta-feira (12) junto com o empresário Maurício Camisotti, suspeitos de participação nas fraudes. Após audiência de custódia, ele segue detido, mas o STF autorizou sua liberação temporária para depor na CPI. Ele foi convocado na condição de investigado e não é obrigado a responder todas as perguntas que possam incriminá-lo.
A investigação da PF aponta que associações e entidades ofereciam serviços a aposentados cadastrando pessoas sem autorização e com assinaturas falsas, para descontar mensalidades diretamente dos benefícios do INSS. Entre 2023 e 2024, Antunes teria transferido R$ 9,3 milhões para pessoas ligadas a servidores do órgão.
A CPI aprovou a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico de Antunes e de outros investigados, além de pedidos para que o COAF envie relatórios sobre suas transações financeiras entre 2017 e 2025. Ao todo, foram 364 requerimentos envolvendo ex-servidores do INSS, ex-ministros da Previdência e empresários ligados ao esquema.
Segundo a PF e a CGU, o esquema funcionava da seguinte forma:
Pagamento de propina a servidores do INSS para obter dados de beneficiários;
Uso de assinaturas falsas para autorizar descontos;
Criação de associações de fachada, muitas vezes presididas por idosos ou aposentados, que cadastravam beneficiários sem consentimento;
Descontos em aposentadorias e pensões eram repassados às entidades fraudulentas, enquanto dirigentes e servidores recebiam vantagens indevidas.
A investigação teve início em 2023 pela CGU e, após constatação de indícios de crime, a Polícia Federal assumiu o caso em 2024, ampliando a apuração sobre os desvios de recursos do INSS.