A castração de animais domésticos, especialmente cães e gatos, é uma prática veterinária amplamente recomendada e tem ganhado cada vez mais apoio de especialistas e organizações de proteção animal.
Além de beneficiar diretamente a saúde dos pets, a castração desempenha um papel crucial no controle da população de animais abandonados, contribuindo para a redução do sofrimento e da superpopulação nas ruas.
A superpopulação de animais abandonados é um dos maiores problemas enfrentados por muitas cidades, inclusive em Osvaldo Cruz, principalmente depois que o serviço gratuito de castração que era oferecido ser paralisado.
Voluntárias da causa animal em Osvaldo Cruz alertam que, sem ações de controle, o problema só tende a piorar, sobrecarregando abrigos, que já estão lotados.
Inclusive, na última Sessão da Câmara de Osvaldo Cruz foi aprovado um requerimento de autoria das vereadoras Carol Rossi e Elisandra Tonol, que solicita informações sobre a interrupção do programa de castração de cães e gatos no município.
O programa, iniciado em 2017/2018, foi interrompido em julho de 2024, e as vereadoras pedem esclarecimentos sobre os motivos do encerramento do programa; se já existe um prazo para o retorno das castrações; se há um estudo para aumentar o número de castrações semanais, e quais seriam as quantidades, datas e prazos.
Sobre o assunto, a reportagem do Portal Metrópole de Notícias fez uma matéria especial, e falou com a vereadora e voluntária Carol Rossi. “Estou no ramo a pouco mais de 10 anos, é uma jornada longa, de muita luta e nós, protetores, tentamos pregar a respeito da castração, para conseguir evitar que tenham mais animais abandonados. O município oferece esse serviço desde de 2017, 2018, para a população e, infelizmente, em meados de junho, julho do ano passado comecei a receber mensagens da população de que estavam entrando em contato com o Centro de Zoonozes para agendar castração, mas que não estavam mais realizando o serviço, por inúmeros motivos que foram passados e desde então as castrações não voltaram. Eu recebo diariamente inúmeros pedidos de ajuda para castração, e como voluntária eu não tenho condições de ajudar, é um número surreal de pessoas que precisam desse serviço, e infelizmente parou. Nós protetores sabemos que sem essas castrações, esse ano vamos começar a sentir o efeito da ausência dessas castrações, o protetor não tem local, não tem espaço para acolher, e a população vai começar a abandonar caixinhas e caixinhas pelos cantos da cidade e até o meio do ano vamos sentir muito isso.”, disse.
Carol Rossi falou sobre os animais abrigados no gatil aqui em Osvaldo Cruz. “No abrigo temos cerca de 80 gatos, as fêmeas todas castradas, tem alguns machos que ainda não foram castrados, eu faço o serviço no particular, não uso o sistema da Prefeitura por conta de tempo, horário, é mais complicado, até a forma como é feito, para o gatil não é muito legal, já que eles voltam ainda com o efeito da anestesia e lá não tem ninguém que observa e acompanha o processo da volta da anestesia, então eu prefiro levar para uma clínica onde eles ficam monitorados, e nós pegamos só no outro dia, com calma, já sem o efeito da anestesia. É uma questão de saúde pública, vai ter um aumento populacional muito grande de animais abandonados por conta da falta de castração, é a nossa saúde que está em jogo e por isso a importância da conscientização da castração. Ultimamente não está fácil, as ajudas estão caindo, lar temporário quase não conseguimos, estamos tentando limitar o trabalho porque estamos muito sobrecarregados.”, finalizou a protetora.
A voluntaria da causa animal, Rosangela Anselmo também falou com a reportagem da metrópole sobre o assunto. “No momento, estou responsável por cerca de 37 animais. A castração é de suma importância, para evitarmos a proliferação e abandono de animais. As pessoas não têm condições de castrar no particular, então estamos com uma dependência muito grande da castração municipal, eles não conseguem atender toda a nossa demanda, e muitos animais ficam sem castrar e proliferando. Os voluntários estão sobrecarregados, temos solicitado ao município para que ocorram essas castrações, sei que no ano passado houve uma campanha em que foram castrados bastante animais, mas ainda não é o suficiente, precisamos de um apoio maior. Esse final de ano já teve muito abandono, caixas com cinco, seis filhotes em alguns pontos da cidade, em áreas rurais também, o abandono aumentou muito e isso acaba sendo reflexo da falta de castração e gostaríamos de uma atenção especial do Poder Público sobre isso.”.
Evandro Alves Mota, morador de Osvaldo Cruz, está na fila para conseguir a castração gratuita pela prefeitura e falou sobre a sua situação. “Estou com 12 gatos e está difícil, porque não consigo a castração gratuita. Uns 7 meses atrás eu consegui castrar um gato pela Prefeitura de Osvaldo Cruz, outros quatro consegui castração em Lucélia por meio de uma Ong, mas os outros eu ainda não consegui, já criou de novo e está muito difícil. A castração é essencial, pra eu poder criar os gatos, porque como eu vou fazer sendo que a cada quase meses cria mais, aumenta, e não dá mais. Em casa tenho 12, na minha mãe tem mais 12, e está complicado. Eu estou esperando voltar a castração pela Prefeitura, ainda não falaram nada e quando começar de novo eu vou pra tentar entrar na fila, porque não sei como funciona a ordem. O certo é olhar com mais carinho para essa situação, está aumentando o número de animais abandonados, o pessoal abandona e o poder público precisa olhar com mais carinho para essa situação.”, disse.
A reportagem do Portal Metrópole de Notícias procurou a Assessoria de Imprensa da Prefeitura e questionou sobre a previsão de retorno do serviço de castração pelo município.
A Assessoria destacou que o trabalho de castração gratuita foi implantado em Osvaldo Cruz em 2018, porém como não havia um espaço adequado para a ação, o número de animais castrados era muito pequeno.
Em abril de 2024 foi inaugurado o Centro de Controle de Zoonozes (CCZ), com isso a média de castração mensal chegou a 50 animais.
Questionada sobre o motivo da interrupção temporária do serviço gratuito, a Assessoria de Imprensa da Prefeitura destacou que foi por conta de adequações em equipamentos e que a previsão para esta terça-feira (18).
Segundo a assessoria, a Prefeitura de Osvaldo Cruz investiu aproximadamente R$ 12 mil na aquisição de novos equipamentos para a realização de cirurgias de castração no Centro de Controle de Zoonoses. Além disso, melhorias na estrutura física somaram cerca de R$ 5 mil, totalizando um investimento de R$ 17 mil.
As castrações serão realizadas mediante agendamento. O CCZ está localizado na Rua Irapuru, 305, no bairro Santa Tereza.
Já as consultas veterinárias continuam sendo feitas no Contêiner Pet. Os agendamentos podem ser realizados na Rua Garanta, ao lado do PSF Santa Tereza.
Ainda segundo a Assessoria, existe verba junto ao Orçamento da Secretaria de Saúde para a realização do serviço.