O presidente dos EUA, Donald Trump, defendeu nesta quinta-feira (23) os bombardeios a embarcações no Caribe e no Pacífico como medida para combater o narcotráfico, alegando que as ações “salvam milhares de vidas”. A operação tem como alvo declarado a Venezuela, mas dados oficiais e agências americanas apontam que a maior parte do fentanil que causa overdoses nos EUA é produzida no México — enquanto a participação venezuelana na cadeia do fentanil é praticamente inexistente, segundo a DEA. Desde agosto, os EUA enviaram navios, aeronaves, militares e um submarino à região; em pouco mais de um mês ao menos nove barcos foram atacados, com mais de 30 mortes registradas em ataques realizados em águas internacionais próximas à Colômbia. Especialistas independentes da ONU classificaram os bombardeios como “execuções extrajudiciais”, por ocorrerem sem tentativa prévia de captura dos suspeitos. Trump chegou a afirmar que cada embarcação destruída “salva 25.000 vidas americanas” e afirmou que as drogas matam “300 mil pessoas por ano” — número superior aos dados oficiais de 2023, que registraram 105 mil mortes por overdose, 69% relacionadas ao fentanil. Autoridades também apontam que, embora precursores químicos venham da China, a produção e o contrabando do fentanil para os EUA ocorre majoritariamente em laboratórios no México. Reportagens americanas e documentos indicam ainda preparo de ações secretas e uma escalada militar na costa venezuelana, com relatos de envolvimento da CIA e possibilidade de medidas que poderiam visar o governo de Nicolás Maduro; o governo venezuelano nega e afirma estar atento a operações encobertas em seu território.