Taxa de isolamento social durante quarentena de coronavírus sobe para 59% em SP no domingo; governo quer 70%

14/04/2020 05h18 Taxa de isolamento social ficou abaixo dos 70% no estado de SP, índice desejado pelo governo para tentar evitar o avanço da doença. Doria tinha anunciado, na semana passada, que poderia tomar medidas mais rígidas como a prisão de quem participar de aglomerações.
Por G1, São Paulo - SP
Taxa de isolamento social durante quarentena de coronavírus sobe para 59% em SP no domingo; governo quer 70% Movimentação na altura do km 14 da Rodovia Raposo Tavares em SP no domingo de Páscoa. (Foto: Ronaldo Silva / Estadão Conteúdo)

O governador João Doria (PSDB) anunciou na tarde desta segunda-feira (13) que a taxa de isolamento social subiu de 47% no estado de São Paulo na última quinta-feira para 59% neste domingo (12) de Páscoa. Para tentar impedir o avanço da doença, o governo quer o isolamento da população atinja os 70%.

"O esforço que fizemos no final da última semana e a orientação do governo do estado de São Paulo e das prefeituras que compõe os 645 municípios do estado de São Paulo deu certo, subimos de 47 para 59% foi o isolamento social aferido ontem. Uma conquista da população, uma conquista das pessoas de bem, da medicina, da ciência e daqueles que querem a vida, querem viver e querem permitir que outras pessoas tenham direito à vida", afirmou. O índice de 47% foi registrado na última quinta-feira (9).

O anúncio foi feito na tarde desta segunda-feira (13) durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, na Zona Sul de São Paulo.

De acordo com Doria, agora, o desafio é ultrapassar a barreira dos 60%. "Quanto melhor e maior for o isolamento mais rapidamente sairemos desta crise e voltaremos ao normal, por isso a convicção de que tudo vai passar, mas vai passar se nós pudemos ajudar", afirmou.

Os dados de adesão à quarentena foram obtidos por meio de um sistema de monitoramento que utiliza a geolocalização de smartphones monitorados pelas quatro principais operadoras de telefonia.

"As pessoas estão respondendo positivamente, estão dando uma prova de amor, de compreensão à vida, delas mesmos e de entes queridos", disse Doria. "Que isso continue e possamos celebrar aqui uma corrente de amor e, com isso, acelerarmos o processo para ultrapassar a crise."

Na última quinta-feira (9), Doria já tinha anunciado que iria tomar medidas mais rígidas de quarentena no estado, inclusive com prisão para quem desrespeitasse as orientações, caso o índice de adesão ao isolamento social não alcançasse os 60% no final de semana. "Se nós não elevarmos para mais de 60% na próxima semana, a prefeitura [da capital] e o governo tomarão medidas mais rígidas. Eu queria evitar isso porque medidas mais rígidas significam que as pessoas poderão receber não só multa, advertência, mas também voz de prisão", disse o governador.

A Associação de Oficiais Militares do Estado de São Paulo, Defenda PM, se manifestou contra a medida de impedir a livre circulação das pessoas.

No entanto, nesta segunda, o governador teve um discurso mais flexível e recuou na adoção de medidas mais rígidas. "Nunca um governador de São Paulo desejou limitar o direito de ir e vir, mas não faremos nenhum estímulo para que as pessoas possam se aglutinar presencialmente deliberadamente ou não e desrespeitar as orientações de quarentena e desrespeitar o direito à vida."

Alguns municípios do estado que tiveram mais de 60% de isolamento social neste domingo (12):

- São Bernardo do Campo, 60%;

- São José dos Campos, 61%;

- Osasco, 62%;

- Guarulhos, 63% ;

- Mogi das Cruzes, 64%.

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), também agradeceu à população que ficou em casa no fim de semana. "A gente teria um número até dez vezes maior se a gente não tivesse tido essas medidas de isolamento social na cidade e no estado de São Paulo", declarou.

O governador disse que nesta manhã participou da 4ª reunião do Comitê Empresarial Solidário, com a participação de 238 dirigentes empresariais, e agradeceu uma doação de R$ 73,6 milhões em recursos, produtos e serviços, totalizando R$ 367,6 milhões em doações desde o início da pandemia.

Contratações

O governador também anunciou a contratação de 1.185 profissionais de saúde, em caráter emergencial, para reforçar as equipes dos hospitais estaduais no atendimento aos casos de Covid-19.

"São mais 1.185 profissionais que vão atuar na saúde pública no estado de São Paulo, ajudando os 645 municípios por meio dos hospitais e dos centros de atendimento à saúde", disse Doria.

Serão chamados 260 profissionais de concursos públicos realizados anteriormente, sendo 210 enfermeiros e 50 fisioterapeutas. Eles devem começar a trabalhar a partir do dia 22 de abril. Além disso, foi aberto processo seletivo para a contratação de 925 profissionais da Saúde.

Transparência

O infectologista David Uip disse nesta segunda-feira (13) que detalhes como número de leitos, perfil dos pacientes internados com coronavírus e prevalência por idade ou sexo passarão a ser comunicados em coletiva de imprensa diária da pasta da Saúde em São Paulo.

Apesar de ter subido de baixo para bom em avaliação sobre divulgação dos dados do coronavírus da organização OKBR, também conhecida como Rede pelo Conhecimento Livre (Open Knowledge Brazil), a transparência do governo do estado de São Paulo é considerada pior do que a do estado de Pernambuco.

A Secretaria da Saúde de São Paulo mantém orientação repassada a hospitais e postos de saúde para notificar apenas casos graves do novo coronavírus. A exceção são os pacientes com sintomas leves que fizeram exame laboratorial antes da orientação vigente, para notificar apenas casos graves, e que ainda aguardavam resultado.

A instrução foi revelada pelo G1 em 27 de março e provocou manifestação do Ministério Público de Contas do estado, que pediu que o governo voltasse a registrar em sistema todos os casos da doença, sejam eles leves ou graves.

Mortos

O número mortos por coronavírus no estado de São Paulo subiu para 588 neste domingo (12). Há mais de uma uma semana, em 4 de abril, eram 260 mortes, segundo divulgou a Secretaria Estadual de Saúde. No sábado (11), eram 560 mortes confirmadas.

Entre as vítimas fatais, estão 339 homens e 249 mulheres. Os óbitos continuam concentrados em pacientes com 60 anos ou mais, totalizando 73,4% das mortes. As mortes foram registradas em 63 municípios do estado.

O número de casos confirmados foi de 8.419, no sábado, para 8.755 neste domingo. Já são 162 cidades com pelo menos um caso, o que representa um município em cada quatro do estado, crescimento de 63,6% em uma semana.

A maioria dos infectados, segundo levantamento da TV Globo, tem idades entre 30 e 39 anos.

O estado de São Paulo tem 39% das confirmações da doença no Brasil e mais de 3 vezes o número do Rio de Janeiro, segundo local mais afetado no país.

Isolamento social

Após ter subido dez pontos percentuais entre quinta-feira (9) e a sexta-feira Santa (10), a taxa de isolamento social caiu de novo no sábado (11) e chegou a 55% no estado de São Paulo, segundo o sistema de monitoramento inteligente do governo estadual feito com base nos dados dos celulares da população.

Na segunda (6) e terça (7), o estado tinha taxa de 54% de isolamento, que caiu para 49% na quarta e chegou a 47% na quinta (9), menor taxa já registrada desde o início da quarentena. Na sexta, o índice subiu para 57% e caiu para 55% neste sábado.

Segundo o governo estadual, para controlar a disseminação da Covid-19, o índice ideal é de 70%. O estado nunca chegou a esta taxa: o ápice da quarentena em São Paulo ocorreu no domingo (5), com 59% de adesão. O índice de isolamento social caiu 12,9% na última semana.

As medidas de isolamento social foram adotadas para tentar conter o avanço do coronavírus, com quarentena que vai até 22 de abril em todo o estado.

 

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