Estado de SP completa 100 dias de quarentena nesta quarta com obrigatoriedade do uso de máscaras sob pena de multa

01/07/2020 09h24 Medidas para conter avanço da pandemia de coronavírus começaram há 100 dias; veja histórico; a partir desta quinta-feira (2), multa para quem for flagrado sem máscara será de R$ 500.
Por G1, São Paulo - SP
Estado de SP completa 100 dias de quarentena nesta quarta com obrigatoriedade do uso de máscaras sob pena de multa Pessoas passam pela rua 25 de março, em São Paulo, com o comércio fechado no início da quarentena. (Foto: Marcelo Brandt / G1)

O estado de São Paulo completa 100 dias de quarentena nesta quarta-feira (1º) com obrigatoriedade do uso de máscaras nas ruas de todo o estado sob pena de multa. Determinada pelo governador João Doria (PSDB), a medida de isolamento social para conter a disseminação do coronavírus começou no dia 24 de março em todas os 645 municípios e foi sendo prorrogada. O último prolongamento aconteceu na sexta-feira (26), quando Doria anunciou que a quarentena segue até 14 de julho.

Em sua primeira fase, a quarentena determinou o fechamento do comércio e manteve apenas os serviços essenciais abertos, como as áreas de saúde, alimentação, segurança, transporte público, transportadoras e armazéns, empresas de telemarketing, petshops, deliverys, limpeza pública e postos de combustível. Nessa época, o estado tinha 745 casos e 30 mortes.

Dias depois, a Prefeitura publicou um decreto aumentando a lista de serviços essenciais autorizados a funcionar. As atividades religiosas foram incluídas na lista devido a um decreto editado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), também foi acrescentada a comercialização de embalagens e materiais de construção, por exemplo.

Nessa época, os índices de isolamento social eram o principal parâmetro das decisões da Secretaria Estadual de Saúde enquanto o governo estadual investiu no aumento do número de leitos das Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) dos hospitais e a capacidade de processamento de testes dos laboratórios.

O Instituto Adolfo Lutz chegou a ter 17 mil testes represados na fila apesar da sua capacidade de processamento ter aumentado para 2 mil testes diários e de ter credenciado laboratórios em todo o estado para dar conta da demanda.

Nessa época, o número de casos confirmados era de 800.216 e o estado tinha a metade das 1.057 mortes pela doença no país. A fila de testes só foi zerada no final de abril.

Por meio de parcerias com a iniciativa privada e inauguração dos hospitais de campanha do Pacaembu, do Anhembi, do Ibirapuera e de Heliópolis, o governo conseguiu aumentar a capacidade de leitos .

Abril

Apesar de todas as medidas, no mês de abril, o número de casos registrados da doença cresceu 770% na região metropolitana da capital, passando de 2.793 para 24.309 casos. Já no interior e no litoral, no mesmo período, a quantidade de casos confirmados cresceu quatro vezes mais e disparou 3.302%, um salto de 129 para 4.389 casos.

Maio

O aumento de casos foi uma das justificativa do governo estadual para adotar o uso obrigatório de máscaras nas ruas de todo o estado a partir de maio. Um mês depois, a partir desta quinta-feira (2), a Vigilância Sanitária vai passar a aplicar multa de R$ 500 em cidadãos que estiverem sem máscara nas ruas e de R$ 5 mil, por cliente, para estabelecimentos comerciais que permitirem entrada sem máscara.

Também em maio, para tentar aumentar o isolamento social, a cidade de São Paulo adiantou os feriados municipais de Corpus Christi (11 de junho) e da Consciência Negra (20 de novembro) para a última quarta (20) e quinta (21) do mês. Na sexta-feira (22), foi declarado ponto facultativo na cidade.

No final de maio, o governo estadual chegou a dizer que estava com o protocolo de lockdown pronto para ser instituído. Trata-se de uma medida mais radical imposta por governos para que haja distanciamento social – uma espécie de bloqueio total em que as pessoas devem, de modo geral, ficar em casa. Este mês o número de mortes por coronavírus no estado de São Paulo subiu para 4.501.

Além da capital, outras cidades da Grande São Paulo também adiantaram recessos para a semana. Já o governo estadual antecipou o feriado de 9 de julho para a segunda-feira (25). Os seis dias de feriado ajudaram a aumentar a adesão ao isolamento social.

Nessa época, o governo comemorava 57% de isolamento, apesar das autoridades de saúde insistirem que o ideal seria um isolamento de 70%. No primeiro dia da quarentena, em 24 de março, a taxa de isolamento no estado foi de 54%, e o índice nunca atingiu os esperados 70% do governo, o máximo foi de 59%, alcançados em cinco domingos.

A ideia era manter o maior número de pessoas dentro de casa, já que não há vacina e nem remédio que evite o novo coronavírus. O isolamento é a única medida eficaz, segundo autoridades de saúde, para frear a curva de contágio da doença.

Junho/reabertura

No final do mês de maio, o governo de São Paulo anunciou que a partir do dia 1º de junho haveria uma flexibilização da quarentena por meio da aplicação do denominado Plano São Paulo, o qual divide o estado em 17 Divisões Regionais de Saúde (DRS), sendo que a Grande São Paulo ainda foi subdividida em 5 microrregiões, e estabelece a abertura econômica progressiva de alguns setores com base nas características de cada uma delas.

O plano prevê cinco etapas de reabertura gradual do comércio. As regiões do estado passaram a ser classificadas em fases por cor, de acordo com cinco critérios de saúde, são eles: ocupação dos leitos de UTI, número de leitos disponíveis para cada 100 mil habitantes, novas internações, novos casos e novas mortes semanais.​

A taxa de isolamento social, que vinha sendo adotada como um dos principais critérios para definição de medidas - com índice mínimo de 55% - deixou de balizar as ações para flexibilização.

Fases da reabertura:

- Fase 1, vermelha: alerta máximo - funcionamento permitido somente aos serviços essenciais;

- Fase 2, laranja: controle - possibilidade de aberturas com restrições de atividades imobiliárias, concessionárias, escritórios, comércio e shopping center;

- Fase 3, amarela: flexibilização - possibilidade de abertura com restrições de bares, restaurantes e similares e salões de beleza, além dos setores permitidos na fase laranja.

- Fase 4, verde: abertura parcial - possibilidade de abertura com restrições de academias e dos setores permitidos na fase amarela.

- Fase 5, azul: normal controlado - todos os setores em funcionamento, mas mantendo medidas de distanciamento e higiene.

A situação das regiões é atualizada uma vez por semana em coletiva de imprensa. Se tiver piora nos índices, uma região pode regredir de fase em 7 dias, mas o avanço só acontece a cada 14 dias.

No dia 1º de junho a capital paulista iniciou a flexibilização na fase laranja, que permite abertura com restrições de atividades imobiliárias, escritórios, concessionárias, comércio e Shopping Center.

Os escritórios e concessionárias puderam reabriram o atendimento ao público desde que seguissem algumas regras, são elas:

- Atendimento ao público por até 4 horas por dia;

- Público limitado a 20% da capacidade total;

- Horários de abertura e fechamento não podem coincidir com horários de pico (das 7h às 10h ou das 17h às 20h);

- Obrigatório uso de máscaras para funcionários e clientes;

- Espaçamento de 1,5 metro entre pessoas, com uso de demarcações e barreiras físicas;

- Medição de temperatura na entrada;

- Estímulo ao teletrabalho/home office, principalmente para mães com filhos pequenos;

- Disponibilizar álcool gel 70%, água, sabão e toalhas descartáveis;

- Intensificar as medidas de limpeza, com reforço na higienização dos sistemas de ar condicionado;

- Apoio à testagem de casos suspeitos entre funcionários;

- Informar e orientar funcionários, parceiros, colaboradores e clientes sobre o cumprimento das principais medidas adotadas;

- Integrantes de grupos de risco para Covid-19 devem evitar o trabalho presencial.

Os shoppings e o comércio também tiveram que limitar o horário de funcionamento para 4 horas por dia, atender apenas 20% da sua capacidade, orientar filas e demarcar o piso para que os clientes mantenham uma distância de 1,5 metro, entre outras medidas de combate à Covid-19.

Recorde

O número de casos e mortes continuou subindo no estado durante esse período. No dia 23 de junho, o estado de São Paulo registrou 434 mortes por coronavírus, o maior número desde o início da pandemia. O segundo maior registro foi na mesma semana no dia 25 de junho, quando foram computados 407 falecimentos devido à Covid-19. As novas confirmações não significam, necessariamente, que as mortes aconteceram de um dia para o outro, mas que foram contabilizadas no sistema neste período.

Nesta segunda-feira (29), a capital paulista passou para a fase 3 amarela do Plano São Paulo, a qual permite a reabertura de bares, restaurantes e salões de beleza, além disso, estende o horário de funcionamento dos shoppings e do comércio que passarão a atender por seis horas diárias. No entanto, o prefeito Bruno Covas afirmou que irá aguardar até o dia 6 de julho para permitir a reabertura dos setores.

Também na segunda (29) o hospital do Pacaembu encerrou suas atividades. De acordo com a Prefeitura, o hospital foi desativado devido a baixa taxa de ocupação nas últimas semanas. O local, que começou a funcionar no dia 6 de abril, custou R$ 23 milhões aos cofres públicos e recebeu cerca de 1.500 pacientes.

Os clubes sociais foram autorizados a reabrir apenas as áreas comuns e ao ar livre, como espaços para caminhada, a partir de segunda-feira(29), mas entidade do setor afirma que reabertura só vai ocorrer dia 7 de julho.

Mortes e casos de coronavírus no estado

O estado de São Paulo chegou a 281.380 casos confirmados pelo novo coronavírus e 14.763 mortes provocadas pela doença nesta terça-feira (30). Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, foram registrados 6.235 novos casos confirmados e 365 mortes nas últimas 24 horas.

A taxa de ocupação dos leitos de UTI no estado é de 64,6% e de 66% na Grande São Paulo. No início da pandemia, a taxa da Grande SP era muito superior a do resto do estado. Com a interiorização da doença, os índices ficaram mais próximos.

Nesta terça (30), havia 5.452 pacientes internados em unidades de UTI e 7.940 em enfermarias, entre casos suspeitos e confirmados. O total de internados é de 13.392.

Desde o início da pandemia, 44.491 pessoas se recuperaram e receberam alta hospitalar.

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