A conquista de mais um título internacional do Palmeiras tem nome, sobrenome e um pouco de sotaque: Abel Ferreira. Com o português no banco de reservas, o Verdão fez um jogo praticamente dominante contra o Athletico-PR para vencer por 2 a 0 no Allianz Parque e conquistar a Recopa Sul-Americana.
Além de consagrar o momento do clube palmeirense como um dos principais da história do clube – agora são cinco títulos importantes desde 2020 – a conquista internacional mostrou para quem ainda duvidava a importância do bom trabalho da comissão técnica portuguesa.
Ainda que exista a discussão sobre o que é "futebol bonito", análise que pode ser influenciada pela minha ou sua preferência clubística, Abel tem respondido da melhor maneira para o Palmeiras e para o palmeirense: com títulos.
Os quatro vencidos pelo português no Brasil, que também são os únicos quatro conquistados por ele na nova função, o colocam entre os maiores campeões da história do Palmeiras, atrás somente de Vanderlei Luxemburgo, Osvaldo Brandão e Felipão, empatado com Ventura Cambom e Humberto Cabelli.
Se o recorte for apenas em competições internacionais, Abel já é o primeiro colocado – ele deixou para trás Felipão, dono de uma Copa Mercosul e uma Libertadores, com duas Libertadores e agora uma Recopa.
O trabalho de Abel vai além do gosto por um toque de maior efeito no ataque ou a desnecessária comparação – ou tentativa de rivalidade – com outros estrangeiros no futebol brasileiro.
No Palmeiras, que é o que importa para o palmeirense, ele trabalha desde novembro de 2020 com reposições, não teve as qualificações para o elenco solicitadas e precisou procurar alternativas dentro do plantel para enfrentar – e vencer – grandes clubes.
Foi assim que Gustavo Scarpa precisou virar lateral, que Rony foi utilizado como centroavante, que Marcos Rocha e Piquerez atuaram como zagueiros quando necessário, que Mayke apareceu como opção para a vaga de Dudu, que garotos foram cobrados na mesma medida em que tiveram oportunidades e que Zé Rafael se consolidou.
O meio-campista, aliás, sempre teve sua dedicação enaltecida pela comissão técnica palmeirense. E, com confiança, foi dele o primeiro gol da final, em cobrança de falta. Danilo, a principal joia do Verdão hoje, foi lapidada pelos portugueses e deu tapa de qualidade para fechar o placar e mostrar em campo o que tem sido o trabalho de Abel Ferreira.
Os portugueses enfrentaram e ainda enfrentam obstáculos que vão desde o calendário ao estado dos gramados ou a ausência de contratações. Tudo isso em um ambiente de cobrança muitas vezes desproporcional e batendo de frente com uma certa má vontade com seu estilo.
Mas nesta quinta-feira, um dia após mais um título pelo Palmeiras, são mais realidade. Novato na função na Europa, Abel se fez campeão no Brasil e enorme na história do Verdão. Se ele quiser e o tempo permitir, ainda pode fazer muito mais.