Judiciário de Adamantina divulga game sobre violência contra a mulher

13/10/2020 06h23 Jogo ilustra os cinco tipos de violência domésticas previstas na Lei Maria da Penha
Por Siga Mais, Adamantina - SP
Judiciário de Adamantina divulga game sobre violência contra a mulher Em Adamantina, juíza de direito Ruth Menegatti apresenta o jogo de celular que busca conscientizar sobre violência contra a mulher e relacionamentos abusivos. (Foto: Siga Mais)

A juíza Ruth Duarte Menegatti, titular da 3ª Vara da Comarca de Adamantina, fez na tarde desta quinta-feira (8) no salão do Tribunal do Júri, no fórum local, a apresentação do Mobi Game, um jogo de celular que busca conscientizar sobre violência contra a mulher e relacionamentos abusivos. Participaram do encontro representantes da educação, empresas do município, associações, Polícia Militar e religiosos. 

A ferramenta foi desenvolvida pela startup Arbache Innovations, signatária do Programa Ganha-Ganha da ONU Mulheres, e pelo Coletivo HubMulher, do qual a juíza faz parte. A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) apoiou seu desenvolvimento.

Segundo expôs a magistrada, o jogo ilustra os cinco tipos de violência domésticas previstas na Lei Maria da Penha (psicológica, moral, patrimonial, sexual e física), com situações vividas por um casal de namorados e com exemplos práticos de como acolher e apoiar uma pessoa que esteja passando por essa situação.

Com linguagem simples e dinâmica, o game é voltado para mulheres a partir de 18 anos e conta a história de duas personagens. Penha está numa relação violenta com o namorado, Zé, e a amiga, Luana, quer ajudá-la. É aí que entram os jogadores: cada um decide o que Luana vai fazer. Assim, o game ensina a ouvir e amparar as vítimas. “As situações são inspiradas em histórias e padrões de comportamentos reais”, afirma Ruth Menegatti.

Dessa forma, segundo detalha a juíza, o jogo lança desafios com perguntas diretas para os participantes que escolhem como cada uma deve agir diante das situações apresentadas. “Foi justamente tratar por intermédio de um instrumento divertido um tema extremamente pesado e muito importante”, explica.

Aumento da violência doméstica na pandemia

Na apresentação do game, a juíza Ruth Menegatti abordou um dado preocupante, relacionado ao aumento dos casos de violência contra a mulher, nesse período de isolamento social decorrente da pandemia da Covid-19. “Desde o início da pandemia da Covid-19, os índices de feminicídio cresceram 22,2% em comparação com os meses de março e abril de 2019. Os dados exigem uma nova estratégia para dar um basta na violência contra a mulher”, pontuou.

Nos esforços para o enfrentamento a esse cenário a juíza citou a campanha Sinal Vermelho Contra a Violência Doméstica , lançada em 10 de junho pela AMB em parceria com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), onde a vítima de violência doméstica é orientada a marcar um “X” vermelho na palma da mão e exibir em uma farmácia, para um atendente, que por sua vez irá  acionar as autoridades.  “Como juízas de Direito, nós percebemos a necessidade de enfrentamento da violência doméstica durante o isolamento. A retirada do acesso aos locais que protegeriam a vítima fez com que campanhas como Sinal Vermelho fossem desenvolvidas pela Associação. Nós pensamos, então, em tentar aliar a tecnologia, que disparou no isolamento e voltá-la para questões humanas”, disse Ruth.

Em âmbito local, especificamente, ela citou também a criação de um espaço para abrigo temporário, em caráter extraordinário, criado na Santa Casa de Adamantina. O serviço foi articulado pela magistrada, que também mobilizou apoiadores para treinamento e capacitação de colaboradores do hospital.

A discussão e o enfrentamento à violência contra a mulher nas corporações

No encontro, também foi exposto sobre a Resolução nº 255 do CNJ, que institui a “Política Nacional de Incentivo à Participação Institucional Feminina no Poder Judiciário”, com medidas para promover a igualdade de gênero no ambiente institucional. A mesma lógica e desafios também se aplicam aos demais ambientes profissionais. “O setor empresarial pode também ser um aporta de entrada para a compreensão da violência de gênero, doméstica e familiar contra a mulher”, exemplificou. “O universo profissional pode fortalecer o combate à violência doméstica, por meio da apresentação do game, o qual indica as formas de violência e cria mecanismos que poderão auxiliar as vítimas, em caso de agressão, transformando a cultura ainda desigual entre homem e mulher”, reforçou a magistrada.

A juíza destaca que o game é uma ferramenta divertida e educativa e pode ser utilizado pelas organizações e seus programas de onboarding e desenvolvimento, colaborando para a disseminação de uma cultura voltada para a diversidade e inclusão. O processo de onboarding é o conjunto de práticas que têm como finalidade, ajustar e preparar os novos colaboradores, para que aprendam sobre sua cultura, métodos e regras em uma empresa.

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