A Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar (Apoena) enviou ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (Consema) um pedido de apoio emergencial no combate às chamas que atingiram, durante 10 dias, o “Pantaninho Paulista”, região da foz do Rio do Peixe junto ao Rio Paraná, entre Presidente Epitácio (SP) e Panorama (SP).
Ao g1, o presidente da Apoena e representante do Consema na região, Djalma Weffort, explicou que o incêndio teve início no dia 7 de junho, com um foco pequeno, porém, no dia 10, já havia atingido boa parte do local, habitado por espécies ameaçadas de extinção, sendo controlado somente nesta quarta-feira (19).
“Aquela é uma região brejosa, de várzea, por isso, o acesso é difícil. O incêndio tomou a vegetação úmida nas duas margens do rio, inclusive algumas ilhotas. A gente supõe que houve perda de biodiversidade”, ressaltou o ambientalista.
Participaram do combate às chamas equipes do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar Ambiental, do Helicóptero Águia da Polícia Militar, das prefeituras locais, além de funcionários de fazendas vizinhas e de membros da própria Apoena, que deslocaram um trator para fazer o aceiro, na tentativa de cessar a propagação das chamas para as demais áreas de vegetação.
Esses episódios estão vindo cada vez mais cedo e de forma mais intensa. É o reflexo das mudanças climáticas.
Diante disso, o pedido de ajuda ao Consema, para além do combate emergencial do fogo, visa a implementação de ações preventivas futuras para que a biodiversidade do Pantaninho Paulista seja preservada.
“Agora, o pedido está em análise pela Secretaria Executiva do órgão”, informou ao g1 Weffort.
Ameaça às espécies
O avanço das chamas foi captado por imagens de satélite monitoradas pela Apoena. Conforme Djalma, estima-se que cerca de 900 hectares foram completamente destruídos ao longo dos 10 dias.
“Isso equivale a 900 campos de futebol”, observou.
Ainda segundo o ativista ambiental, “nunca será possível medir o quanto de vida foi perdida no incêndio”, já que a região é o lar de inúmeras espécies, como o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), a anta brasileira (Tapirus terrestris) e o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla).
“Algumas espécies nós só encontramos lá, por estarem ameaçadas de extinção”, enfatizou ao g1.
A preocupação, agora, é com o retorno dos focos de incêndio devido às condições do vento e do próprio calor, uma verdadeira ameaça aos seres vivos, de acordo com Weffort.
Estado de emergência
A região de Presidente Prudente (SP) encontra-se em estado de emergência quanto ao risco de queimadas. Foi o que apontou o Mapa de Risco de Incêndio publicado na segunda-feira (17) pelo Centro de Gerenciamento de Emergência da Defesa Civil Estadual (CGE).
A ausência de chuva e a baixa umidade relativa do ar estão entre as justificativas para o risco elevado de incêndios florestais no extremo oeste do Estado de São Paulo, que está no mais grave estágio de risco, dividido entre:
• Baixo (amarelo);
• Alto (laranja);
• Alerta (vermelho); e
• Emergência (roxo).