Doença desconhecida causa morte em Minas Gerais

10/01/2020 17h56 Investigação acha substância tóxica em cerveja.
Agência Brasil, Minas Gerais
Doença desconhecida causa morte em Minas Gerais Cerveja Belorizontina, da cervejaria Backer. (Divulgação)

Uma doença misteriosa assusta os moradores de Minas Gerais, e oito casos suspeitos são investigados pelo estado. Os pacientes apresentam problemas gastrointestinais - como náuseas, vômitos e dor abdominal -,  insuficiência renal aguda e alterações neurológicas - com paralisias e  dificuldades na visão.

Seis casos foram em Belo Horizonte, um em Nova Lima e outro em Ubá, no interior do estado. Todos os pacientes são homens, com idade entre 23 e 76 anos. O primeiro caso foi registrado em 19 de dezembro.

Um dos pacientes, de 55 anos, morreu terça-feira (7) em Juiz de Fora, onde estava internado.

Exames foram realizados pela Fundação Ezequiel Dias, que abriga o Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais, e ainda não há resultados conclusivos.

A Secretaria estadual de Saúde informou que uma força-tarefa foi constituída com a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte e o Ministério da Saúde. A primeira reunião foi realizada nessa quarta-feira (8) para alinhar informações e dados colhidos e definir os trabalhos.

O Ministério da Saúde disse que uma equipe especializada em epidemiologia foi enviada a Belo Horizonte terça-feira Os profissionais colaboram na investigação e no diagnóstico dos casos.

A Secretaria de Saúde da capital investiga os aspectos clínicos, epidemiológicos e sanitários da doença. Além disso, fiscais sanitários agem na coleta de alimentos e demais produtos, para análise laboratorial, além de vistorias nos locais de aquisição desses produtos.

A Polícia Civil de Minas Gerais está verificando indícios de crime relacionado a doença desconhecida. Até o momento, amostras de bebidas foram encaminhadas ao Instituto de Criminalística para serem examinadas.

O governo do estado pede que novos casos sejam comunicados ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde.

Investigação acha substância tóxica em cerveja

Um laudo da Polícia Civil divulgado no fim da tarde de hoje revelou, após exames preliminares, a presença da substância tóxica dietilenoglicol em dois lotes de amostras da cerveja Belorizontina, principal marca da cervejaria artesanal Backer, com sede em Belo Horizonte.

A análise das amostras faz parte de uma investigação conduzida pela polícia sobre a morte de um homem e a internação de outros sete em cidades de Minas Gerais, desde o final do ano passado.

Segundo a polícia, o dietilenoglicol é um composto normalmente utilizado no processo de refrigeração em fábricas. A ingestão dessa substância pode afetar principalmente os sistemas nervoso, cardiopulmonar e renal. As consequências do consumo deste produto correspondem aos sintomas apresentados pelos oito homens da "doença misteriosa", mas as investigações ainda analisam se há relação entre o consumo da cerveja e o problema de saúde.

Os pacientes hospitalizados, a maioria do bairro Buritis, região oeste da capital mineira, apresentaram sintomas similares em diferentes fases das internações, o que criou a suspeita pelas autoridades sanitárias da existência de uma síndrome. Os casos mobilizam investigações da Polícia Civil e da Secretaria de Saúde de Minas Gerais.

O bancário Paschoal Demartini Filho, 55, e um genro, de 37 anos, teriam ingerido a cerveja Belohorizontina, no fim de dezembro. O bancário morreu na terça-feira (7) com os sintomas da doença misteriosa, e o genro também está internado.

Cervejaria diz contribuir com investigações

Por meio de nota, a Backer informou hoje que "está colaborando com os órgãos públicos de saúde, que estão realizando perícias em todo o seu processo de produção". A cervejaria ainda declarou que a substância encontrada não faz parte do processo de produção da cerveja Belorizontina. Porém, por precaução, os lotes em questão serão retirados imediatamente de circulação.

"Agentes do Ministério da Agricultura realizaram uma inspeção completa (na linha de produção. Autoridades de saúde investigam, igualmente, outros produtos consumidos e que possam ter provocado a hospitalização dessas oito pessoas, todas com os mesmos sintoma", informa a Backer.

"Reafirmamos nossa total confiança em todas as etapas de produção dos nossos produtos. Manteremos nossos consumidores, distribuidores e a sociedade em geral informada, tão logo tenhamos acesso aos laudos periciais, ora em curso."

As cervejas dos lotes L1 1348 e L2 1348 estão contaminadas. De acordo com a Backer, a empresa está mapeando os estabelecimentos que receberam estes lotes da Belorizontina, 66 mil garrafas, para que sejam recolhidos imediatamente. O número do lote da cerveja está junto com o carimbo do prazo de validade da bebida.

O Procon (Programa Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor) de Minas Gerais alertou para o consumo destes lotes da bebida, em cujas amostras foram encontradas a substância dietilenoglicol.

"Cervejas desses lotes não devem ser ingeridas, pois podem provocar, no consumidor, os efeitos da "doença misteriosa", que, até agora, acometeu oito vítimas, sendo que uma delas morreu", informou o Procon.

Criada em 1998, a Backer inicialmente produzia chope em bar no bairro Olhos D'Água, zona sul da capital mineira. Em 2005, inaugurou a fábrica de cerveja artesanal. Em setembro de 2019, a Backer conquistou o título de melhor cerveja das Américas, com a marca Belorizontina ficando com a medalha de ouro, na Copa das Cervezas de América, um dos mais importantes do calendário internacional, realizado em Santiago. Além de chopp e cerveja, a Backer produz gin e uísque.

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