Em reunião realizada na tarde da última quarta-feira (2), o prefeito de Adamantina, Márcio Cardim, o presidente da Câmara Municipal, Paulo Cesar Cervelheira, e a secretária de Gabinete, Luciana Pereira, receberam representantes técnicos da Bratac, empresa com mais de 81 anos de experiência no segmento agroindustrial da seda no Brasil.
A Bratac foi representada pelo maior especialista na criação do bicho da seda, Evandro Kasama, e pelo agente sericícola, Ademir Esteves, responsável pelo desenvolvimento da sericicultura em nossa região.
O encontro alia a intenção do município em fortalecer a agricultura familiar, um dos pilares da administração Márcio Cardim, aos interesses da própria Bratac, que tem atuado para ampliar a produção da única matéria-prima utilizada na fabricação dos fios de seda através de novas parcerias.
Atualmente a criação do bicho da seda é a atividade que melhor remunera o agricultor familiar por hectare plantado e se encaixa dentro das propostas do Programa Euroclima+, pois é uma cultura agroecológica, com baixo investimento inicial e remuneração mensal.
Segundo Evando Kasama, a Bratac atende mais de 2.500 famílias em parceria agrícola. O estado de São Paulo é prioridade de investimento da empresa visando o crescimento da sericicultura no Brasil.
Kasama acrescenta que as novas técnicas de manejo permitem aumento da produtividade, redução do esforço físico e pouca mão de obra.
A Bratac também coloca à disposição assistência técnica e agentes que acompanham in loco o desenvolvimento dos bichos. Quanto melhor o cuidado, melhor o casulo e o pagamento ao sericicultor. São pelo menos 8 criadas ao ano, podendo chegar até 11 criadas na safra.
Acompanhando a tendência mundial, a Bratac também inovou com a certificação de casulos orgânicos. A empresa pretende ser a primeiras do Brasil a certificar o produto final com o Selo GOTS (Global Organic Textile Satandard) ainda em 2022.
Apoio
Diante das perspectivas, o prefeito Márcio Cardim já agendou uma visita técnica à unidade de Bastos para que os técnicos e agrônomos da Prefeitura possam tirar todas as dúvidas e indicar os produtores com o perfil mais adequado para a implantação da sericicultura no município.
Cardim se mostrou bastante animado com a possibilidade de incrementar ainda mais a renda das famílias adamantinenses que atuam na produção de alimentos e ressaltou que a sericicultura se adequa perfeitamente aos programas desenvolvidos pelo município, que busca redução do uso de agrotóxicos e incentiva a produção orgânica, inclusive com a distribuição gratuita de composto orgânico produzido dentro do Euroclima+.
Cardim cogitou até a possibilidade de criar um programa de incentivo à sericicultura, visando dar o suporte necessário ao produtor para o início do cultivar.
História
A Bratac possui 81 anos de fundação, uma história marcada por muitos desafios, mas também vitoriosa. É a mais longeva empresa fundada por nikkeis no Brasil, uma trajetória que começou na cidade de Bastos e que até hoje é motivo de orgulho para o município vizinho e as muitas famílias que trabalharam ou trabalham na indústria e no campo.
A qualidade e a autossuficiência garantem à Bratac a permanência no mercado internacional, mesmo em momentos difíceis como o que vivemos atualmente com a pandemia.
A imigração japonesa também faz parte da história da empresa. Muitos japoneses vieram para o País por meio da Sociedade Colonizadora do Brasil, abreviatura de Burajiru Takushoku Kumiai (Bratak), que fundou a então Colônia Bastos. A fábrica de fiação de seda da colonizadora foi fundada em 1932 na cidade, mesmo período da decadência do café, e em 1940 daria origem à Fiação de Seda Bratac Ltda.
Hoje são duas unidades industriais, em Bastos (SP) e em Londrina (PR), empregando mais de mil colaboradores diretos. O foco da empresa é a exportação do fio – mais de 95% da produção vai para Europa e Ásia, e atende o mercado da moda de alto luxo.
Tecnologia
A produção do fio de seda começou inspirada e usando a tecnologia empregada no Japão, onde estava o maior mercado consumidor de seda do mundo além dos agricultores especializados na cultura milenar, muitos dos quais emigraram para o Brasil exclusivamente para se unirem a Bratac.
Na intenção de garantir qualidade, as primeiras raças foram posteriormente importadas também da China e de outros países, onde o bicho-da-seda já foi extinto da natureza. Sempre investindo em pesquisa e desenvolvimento, com o passar dos anos, a Bratac acumulou um banco genético com mais de 100 raças diferentes de bicho-da-seda.
Há 20 anos a raça comercial da Bratac advém do resultado de cruzamentos específicos de quatro raças de origens diferentes. Os anos de trabalho para o melhoramento genético resultaram em uma raça de bicho-da-seda que pode ser considerada tropicalizada.
Hoje a lagarta do bicho da seda está totalmente adaptada ao clima brasileiro. Ela gera melhor rendimento no campo e dentro das fábricas. É o equilíbrio que garante que todos sejam valorizados e reconhecidos por sua contribuição.