Abril é o mês Conscientização do TEA (Transtorno do Espectro Autista) em todo mundo

29/04/2025 08h34 Pesquisa aponta crescimento do número de casos a cada ano.
Redação: Wilson Bettiol, Osvaldo Cruz - SP
Abril é o mês Conscientização do TEA (Transtorno do Espectro Autista) em todo mundo .

Estamos em abril, quando vivemos o mês da conscientização com relação ao autismo. O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que se caracteriza por dificuldades na comunicação e interação social e por padrões de comportamento repetitivo e restritos.

A reportagem do Portal Metrópole de Notícias fez uma série de entrevistas com profissionais ligados diretamente com o TEA, em suas áreas de atuação.

A primeira pessoa ouvida foi Andreia Guimarães da clínica CRHESP, em Osvaldo Cruz. Segundo ela, a CRHESP é uma clínica de reabilitação especializada, com uma equipe multidisciplinar e principalmente humanizada. “A missão é acolher e o nosso lema é gente cuidando de gente, acreditando em gente e reabilitando gente. Nós fomos recentemente no seminário ‘Rio te Ama’ e foi uma enxurrada de informações positivas e de referência, não só quanto a tratamento, mas quanto a inclusão e a vida da pessoa autista, e estamos trazendo referência de autistas que escrevem livros, que pintam, que dançam, que cantam e isso é muito importante. O que está acontecendo hoje na neurociência? A gente sabe que o desenvolvimento humano é feito por observação, a gente observa o outro e o ‘Rio te Ama’ trouxe a referência de autista que deu certo. O que estamos trazendo hoje é que existe sim o diagnóstico, mas que mais importante que ele, como a gente sempre falou, existe a pessoa, a habilidade que a pessoa tem. Nós estimulamos essas habilidades, sejam elas intelectuais, motoras, sociais e nessas habilidades a sensibilidade das equipes multidisciplinares de estimular que essas pessoas produzam, virem referência de positividade.”, disse.

A entrevistada citou o exemplo das gêmeas, as Marias, em que uma delas começou a se comunicar em libras e hoje é a primeira intérprete em libras de grandes congressos autistas. “Ela era autista de nível três, hoje é dois e começou a ser verbal com 12 ou 13 anos e hoje com 17 anos é intérprete de libras e isso ocorreu porque a equipe que a atendeu teve a sensibilidade de ver que a melhor amiga dela era surda e aí os profissionais mostraram que ela conseguiria se comunicar com sua amiga e hoje ela é a primeira interprete autista no Brasil. Em nossa região, acredito que é preciso mudar muito em termos de inclusão.”.

Falamos também com a professora Ana Claudia Consolari da Mota, Diretora da APAE de Osvaldo Cruz. “A APAE trata também de pessoas com TEA e consideramos abril um mês muito importante por ser o período de conscientização mundial do transtorno do espectro autista. Não só para a APAE, mas para todas as instituições, famílias, todos os lugares é um mês importantíssimo porque a gente trabalha a importância de uma nova consciência, um olhar diferenciado e de se colocar no lugar do outro. A gente sabe bem como está a questão da demanda de autistas e de diagnóstico e se discute sempre que antes os números de casos eram menores, mas na verdade os casos sempre existiram e o que não havia era o diagnóstico do autismo. Hoje o autismo consegue ser diagnosticado desde quando a criança é bebezinho e a partir daí é possível iniciar as terapias necessárias para que o indivíduo tenha uma qualidade de vida bacana. A APAE de Osvaldo Cruz tem um convênio para trabalhar com os autistas, inclusive, agora temos as salas multissensoriais que também ajudam em muito na qualidade de vida dessas pessoas.”, destacou a diretora.

Quem também falou com a reportagem do Portal Metrópole de Notícias foi a Fonoaudióloga, Fernanda Fraga Fernandes Fernandes. “Autismo é um espectro onde existem várias características para diagnosticar uma criança que pensa de forma diferente, que age de forma diferente, então não dá pra gente falar que autismo é isso. Não é possível determinar quais as características, porque hoje é uma gama muito grande dessas características, ou seja, são crianças diferentes que agem de forma diferente, que se desenvolvem de forma diferente e que precisam por isso serem estimuladas, serem trabalhadas para que a gente consiga um bom desenvolvimento e essa criança não fique aquém das outras. Agora no mês de abril estamos comemorando esse período especial para que as pessoas se conscientizem de que a gente precisa incluir essas crianças e se a gente não trabalhar essa conscientização ainda existe a discriminação. Os autistas são pessoas que pensam de uma forma diferente, agem de uma forma diferente e a gente precisa incluí-las porque são pessoas como nós.”.

Questionada sobre qual deve ser o papel da fonoaudiologia nesse contexto e a resposta foi precisa. “Uma das características é a dificuldade de comunicação e essa dificuldade de comunicação vai fazer com que ela tenha uma dificuldade de socialização, porque se você não consegue se comunicar, você não consegue interagir e não consegue socializar, então a fonoaudiologia vai trabalhar toda essa parte de comunicação que a gente chama de comunicação não verbal e verbal, porque tem crianças que tem uma comunicação não verbal, conseguem se comunicar de forma não verbal e tem outras que conseguem se comunicar de forma verbal, mas elas não conseguem passar o conteúdo que elas querem, porque é uma fala desconexa e que o outro não consegue compreender, então a fonoaudiologia entra aí nessa estimulação para que ela consiga comunicar as necessidades dela. Em 2023 a incidência do autismo pelo CDC que é um centro de pesquisas dos Estados Unidos, a incidência era de 1 para cada 36, em crianças de zero a oito anos. Agora em 2025 saiu uma nova pesquisa que foi determinado um em cada 31 crianças de zero a oito anos, ou seja, a incidência está crescendo muito.”, finalizou Fernanda Fraga Fernandes Fernandes.

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