Prefeito de Presidente Prudente cogita 'medidas judiciais' contra o Estado para permitir reabertura do comércio

18/06/2020 06h24 Após reunião em São Paulo nesta terça-feira (16), Nelson Roberto Bugalho (PSDB) anunciou que haverá mais leitos de UTI para o atendimento da Covid-19 no Oeste Paulista.
Por G1, Presidente Prudente - SP
Prefeito de Presidente Prudente cogita 'medidas judiciais' contra o Estado para permitir reabertura do comércio Mapa atual de classificação das regiões no Plano São Paulo para flexibilização da quarentena. (Foto: Divulgação / Governo de São Paulo)

O prefeito de Presidente Prudente, Nelson Roberto Bugalho (PSDB), afirmou nesta terça-feira (16) que cogita a adoção de "medidas judiciais" para conseguir o que ele chamou de “tratamento justo” por parte do governo do Estado de São Paulo para a cidade e a região no que se refere à flexibilização da quarentena provocada pela pandemia do novo coronavírus e à consequente retomada das atividades econômicas, com a reabertura do comércio.

Juntamente com outros prefeitos da região de Presidente Prudente, Bugalho participou em São Paulo, nesta terça-feira (16), de uma reunião com representantes do governo do Estado na qual foi anunciada a ampliação da capacidade de atendimento a pacientes com sintomas graves do coronavírus no Oeste Paulista através de mais leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI)

"Mais leitos de UTI Covid para Prudente! Em reunião com representantes do governo do Estado, fomos informados que nestes próximos dias será ampliada a capacidade de atendimento a pacientes com sintomas graves do coronavírus", declarou Bugalho.

"Esse aumento será essencial para que a nossa região possa subir de fase no Plano SP, pelo menos para a laranja, que permite o funcionamento do comércio e serviços, desde que seguidos vários critérios rigorosos", prosseguiu o prefeito.

Bugalho deixou claro que os prefeitos buscam junto ao Estado a reclassificação da região de Presidente Prudente para a fase laranja do chamado Plano São Paulo, que é o programa de flexibilização da quarentena e de retomada das atividades econômicas adotado pelo governo paulista.

Nas duas primeiras semanas do Plano São Paulo, a região de Presidente Prudente estava na fase amarela, que permitia, com restrições, o funcionamento de atividades econômicas.

No entanto, alegando a piora nos indicadores da pandemia na região, o Estado rebaixou os 44 municípios vinculados ao Departamento Regional de Saúde (DRS) de Presidente Prudente para a fase vermelha, a mais restritiva do Plano SP, que só permite o funcionamento dos serviços considerados essenciais, para o período entre 15 e 28 de junho.

Os 12 municípios da Nova Alta Paulista que também integram a região de Presidente Prudente, mas que estão vinculados ao Departamento Regional de Saúde (DRS) de Marília, continuaram na fase laranja, uma etapa intermediária entre as cores amarela e vermelha.

"Nossa luta pela revisão na mudança de fase continua. Vou enviar ainda hoje para o comitê paulista os dados da nossa região em relação à pandemia, para que sejam confrontados com as informações que o Estado possui. Se for necessário, entraremos com medidas judiciais para garantir um tratamento justo para Prudente e região", enfatizou Bugalho.

Fator de rebaixamento

O presidente da União dos Municípios do Pontal do Paranapanema (Unipontal), Jorge Duran Gonçalez (PSD), também acompanhou em São Paulo a reunião entre prefeitos da região de Presidente Prudente e representantes do Estado.

Gonçalez explicou que os prefeitos se comprometeram a apresentar até esta quarta-feira (17) ao secretário de Desenvolvimento Regional do Estado, Marco Vinholi, dados do Oeste Paulista para a avaliação e o posicionamento do governo paulista.

"Existe uma possibilidade, sim, de reanálise da situação, mediante as informações que nós vamos produzir e vamos entregar nas mãos do secretário", afirmou Gonçalez, que é prefeito de Presidente Venceslau.

Ele salientou que o Estado garantiu que no máximo em duas semanas estarão credenciados e funcionando novos leitos de UTI para o atendimento da região de Presidente Prudente e lembrou que este indicador foi decisivo para o rebaixamento do Oeste Paulista nas fases de flexibilização da quarentena.

"Foi esse item que rebaixou a região de Presidente Prudente, que é o de leitos disponíveis", enfatizou.

"Nós temos uma defasagem que não é de hoje, não é da pandemia só, já existia antes, porque a nossa região é a região do Estado que tem menos número de leitos de UTI per capita", citou Gonçalez.

O presidente da Unipontal comparou que, enquanto a região de Presidente Prudente só tem 6 leitos de UTI a cada 100 mil habitantes, na capital paulista esse índice é de 30 e na média do Estado a taxa corresponde a 16.

"Foi nesse quesito que nós fomos rebaixados, porque nós temos poucos leitos disponíveis e aí, evidentemente, que o Estado tem que reconhecer que a culpa disso é dele e foi isso o que nós argumentamos lá. Então, eles estão dizendo que vão credenciar novos leitos, vão colocar novos leitos à disposição no máximo em 14 dias", disse Gonçalez.

Outro lado

O governo do Estado de São Paulo realizou nesta terça-feira (16), no Palácio dos Bandeirantes, encontro com deputados e prefeitos da Região Administrativa de Presidente Prudente. Comandado pelo secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, o encontro contou com a presença do vice-governador e secretário de Governo, Rodrigo Garcia. Na reunião, as autoridades estaduais e municipais discutiram o Plano São Paulo, que visa à retomada consciente da economia em todo o Estado e a fase em que se encontra a região de Presidente Prudente.

"O governo do Estado entende a necessidade da retomada da atividade econômica, mas precisamos agir de forma gradual para que não tenhamos um surto da doença no interior. Temos seguido os critérios impostos pelo Plano São Paulo que visa à abertura do comércio de forma responsável", afirmou Vinholi.

Na última semana, a região foi da fase amarela, que possibilitava a abertura de atividades imobiliárias, concessionárias, escritórios, indústria não essencial, construção civil, bares, restaurantes e similares, comércio, shopping center e salão de beleza, para fase vermelha, que prevê o fechamento de todo serviço não essencial.

O coordenador do Centro de Crises, Santiago Falcão, ressaltou que este não é o único critério, e que o Centro de Contingência precisa levar em consideração os cinco propostos pelo plano para o avanço ou retrocesso nas fases.

O Plano SP estabelece cinco critérios, sendo eles: Ocupação de UTI Covid, leitos de UTI por 100 mil habitantes, variação do número de casos, variação do número de internação e variação do número de óbitos.

"A região de Presidente Prudente passou para fase vermelha não por causa da sua ocupação de leitos de UTI e sim porque teve um aumento significativo na variação de internação e do número de óbitos. Esses são dados fundamentais para a classificação dentro do Plano SP", esclareceu Falcão.

Na região, o número de óbitos dobrou no período e as internações cresceram em 62%, indicando maior restrição e mobilização da sociedade em torno do isolamento social, segundo o Estado.

Os prefeitos também mostraram preocupação quanto à capacidade hospitalar da região, reforçando a importância da criação de leitos em todo o Oeste Paulista, para que, em caso de crescimento de casos, o sistema de saúde não entre em colapso.

Outro tem abordado foram os casos de Covid-19 na população carcerária, já que o Oeste Paulista é a região que mais possui presídios no Estado.

O secretário Vinholi informou ainda que a capacidade hospitalar da região será fortalecida nos próximos dias com a chegada de novos respiradores para a criação de leitos de UTI, assim como outras regiões do Estado.

Sobre os dados apresentados pelos gestores, o coordenador do Centro de Crise, Santiago Falcão, os recebeu e se comprometeu a apresentar ao comitê no estudo que acontece às terças-feiras.

No Plano São Paulo, os dados são estudados por sete dias, comparados com a semana anterior em uma análise e a cada terça-feira são armazenados no banco de informações para que na quarta-feira seja anunciado avanço ou regresso de fases. A regra do plano estabelece, para o avanço, queda de 14 dias nos diversos itens medidos e, para o retrocesso, aumento dos indicadores medidos em sete dias. O governador João Doria Junior (PSDB) apresentará nesta quarta-feira (17) a avaliação semanal.

Resguardo da saúde

Ao G1, o secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, Marco Vinholi, pontou que o Plano São Paulo trabalha com critérios técnicos baseados na saúde, onde são analisados os riscos do impacto na capacidade hospitalar com a evolução de casos na região.

"Para resguardar a saúde da população, o Estado mantém a região de Presidente Prudente na fase vermelha, conforme apontado pelo Comitê de Contingência", salientou.

Ele reforçou que, na região, o número de óbitos dobrou no período e as internações cresceram 62%, indicando maior restrição e mobilização da sociedade em torno do isolamento social.

"O Estado está aumentando a capacidade hospitalar da região e mobilizando a sociedade em torno do isolamento social, ação importante para o controle da doença", informou.

Vinholi concluiu ao G1 que o Estado já encaminhou 20 novos respiradores para a região, o que representa um aumento de 48% no número dos leitos.

"Com esses novos leitos, a expectativa do Estado é que a região tenha um avanço de fase nas próximas semanas", finalizou.

Comente, sugira e participe:

Cadastre seu WhatsApp e receba notícias diariamente pelo celular