Após prisão, Polícia Civil recebe mais relatos de mulheres que se dizem abusadas por cardiologista e total de casos chega a 40

22/01/2019 06h15 Registros foram feitos na Delegacia de Defesa da Mulher, em Presidente Prudente. Augusto César Barretto Filho foi preso preventivamente na última semana depois de determinação da Justiça.
Por G1 , Presidente Prudente - SP
Após prisão, Polícia Civil recebe mais relatos de mulheres que se dizem abusadas por cardiologista e total de casos chega a 40 Médico cardiologista Augusto César Barretto Filho. (Foto: Cedida/Polícia Civil)

A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), em Presidente Prudente, recebeu mais três relatos de mulheres nesta segunda-feira (21) que alegam terem sido abusadas pelo médico cardiologista Augusto César Barretto Filho. Ele foi preso na última sexta-feira (18), após a Justiça decretar sua prisão preventiva, solicitada pelo Ministério Público Estadual (MPE).

As vítimas que procuraram a delegacia especializada nesta segunda-feira (21) têm 26, 38 e 51 anos. Os fatos relatados por elas teriam ocorrido entre os anos de 2006 e 2013, segundo as informações da DDM.

Com os novos casos, a delegacia já contabiliza 40 registros de mulheres contra Barretto Filho.

O caso

A Polícia Civil prendeu na sexta-feira (18) o médico cardiologista Augusto César Barretto Filho, de 74 anos, acusado de abusar sexualmente de pacientes mulheres em seu consultório em Presidente Prudente. Ele teve a prisão preventiva decretada pela Justiça após ser denunciado pelo Ministério Público Estadual.

Juntamente com seu advogado de defesa, Barretto Filho apresentou-se espontaneamente à Delegacia de Defesa da Mulher, onde a Polícia Civil deu cumprimento ao mandado de prisão expedido pela Justiça.

Ele foi transferido à Penitenciária de Lucélia, para onde são levados presos envolvidos em crimes sexuais.

O advogado de defesa, Emerson Longhi, afirmou que a prisão preventiva "é totalmente desnecessária" porque o cardiologista compareceu a todos os atos a que foi convocado pela Polícia Civil e está afastado de suas funções médicas.

Longhi adiantou que a defesa estuda as medidas judiciais cabíveis para tentar derrubar a prisão preventiva de seu cliente, como um habeas corpus ou um pedido de revogação da medida que levou Barretto Filho à cadeia.

Procurado nesta segunda-feira (21) pelo G1 para se manifestar sobre os procedimentos adotados pela defesa e as novas denúnicas feitas à DDM, Longhi não respondeu até o momento desta publicação.

Além de decretar a prisão preventiva do médico, o juiz da 2ª Vara Criminal da Comarca de Presidente Prudente, João Pedro Bressane de Paula Barbosa, recebeu na quinta-feira (17) a denúncia apresentada pelo MPE contra Barretto Filho, que se tornou réu.

Na denúncia, o promotor de Justiça Filipe Teixeira Antunes acusa o médico de cometer o crime de violação sexual mediante fraude, previsto no artigo 215 do Código Penal, com pena de reclusão de dois a seis anos, agravado pela conduta tipificada no artigo 61, inciso II, alínea g, que trata do abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão.

O caso tramita em sigilo no Fórum da Comarca de Presidente Prudente.

As investigações realizadas pela Delegacia de Defesa da Mulher, em Presidente Prudente, foram iniciadas em julho de 2018, a partir do relato de uma vítima.

Diante do volume de casos denunciados envolvendo o cardiologista Augusto César Barretto Filho e "dado o seu potencial de lesividade social", o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) aprovou a interdição cautelar suspendendo o seu registro profissional.

A suspensão é válida por seis meses, podendo ser renovada por igual período.

O Cremesp esclareceu ainda que, mesmo com a interdição cautelar, a sindicância em curso contra o médico seguirá normalmente, sob sigilo determinado por lei.

A apuração está a cargo da Câmara Técnica de Assédio Sexual, criada para investigar esses tipos de casos.

O Cremesp apontou que as novas denúncias contra o cardiologista serão juntadas à investigação em curso.

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