Na noite do dia 3 de agosto de 2020, uma colisão traseira entre duas motocicletas deixou quatro vítimas em estado grave na Rodovia Júlio Budisk (SP-501), em Presidente Prudente. Uma delas foi Ana Laura Correa Silva, de 18 anos. A moradora do Conjunto Habitacional Ana Jacinta viu a morte passar por perto, mas sobreviveu graças ao trabalho daqueles que ela considera “as mãos de Deus”: os bombeiros.
Sobre o dia do acidente ela não tem recordações, o que sabe é apenas o que ouviu de quem presenciou a cena. “Estava com meu ex-namorado e dizem que, do nada, apareceu outra moto em baixa velocidade e com a traseira apagada. Quando percebemos já tinha batido”, lembra. “Não deu tempo de fazer muita coisa, porque foi rápido”. Com o impacto, a jovem foi arremessada para o acostamento da pista contrária, onde permaneceu desacordada em meio à vegetação.
Os primeiros a irem ao local foram os familiares do companheiro, que conseguiu comunicar a família ainda acidentado. Com a chegada do Corpo de Bombeiros, Ana Laura foi levada ao HR (Hospital Regional) Doutor Domingos Leonardo Cerávolo, onde ficou cinco dias sedada e intubada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva), e outros seis no quarto.
Para os médicos, o quadro clínico era irreversível e, caso sobrevivesse, haveria sequelas. “Não quebrei nada, tive arranhões e uma lesão no cérebro”, afirma a jovem, que relata dificuldade na memória.
Encontro com heróis
Ana Laura conta que em suas orações, sempre pedia a Deus para separar “um momentinho” para que pudesse conhecer a equipe que a salvou. Foi então que, em meados de setembro, quando retornou ao hospital para exames médicos, o destino cruzou novamente o caminho da jovem com um de seus heróis: o cabo Marcelo Gonçalves Afonso, do 14º Grupamento do Corpo de Bombeiros de Presidente Prudente.
“Fui fazer a ficha [de outro acidente] e a recepcionista me chamou e falou: ‘Marcelo, você quem atendeu a ocorrência na Júlio Budiski, da moça? A mãe dela quer agradecer você e a equipe’. Fui na sala e encontrei a Ana Laura na cadeira de rodas, em recuperação, mas em vista do que a gente encontrou antes, estava muito bem, não ainda cem por cento”, conta.
Três meses depois do contato, mais precisamente no dia 10 de dezembro, a jovem e a família visitaram a estação de bombeiros no centro da cidade, onde encontraram os responsáveis pelo salvamento – que receberam uma plaquinha com mensagem de agradecimento. Para Marcelo, ver a paciente bem e receber os agradecimentos é uma sensação “emocionante”.
“Felizmente se recuperou e a gente encontrar sem sequela é muito gratificante”.
Além do cabo Marcelo, receberam a homenagem os soldados: Alfredo Blaya Monteiro; Claiton Dênis Duarte; Felipe Gomes de Souza; Frank Aranda Sumida; Marco Vinicius Colares; Renato Afonso Pereira; e Rodolfo Noronha de Lima; cabos: Ezequiel Alves; Douglas Meireles Doneda; Renato de Oliveira; e Silvana Gonçalves de Oliveira Trindade; além do médico Fábio Nishida Hasimoto, e a enfermeira Leila Maria Trevisan.